Entre 1960 e 1990, o Brasil viveu o fenômeno denominado "êxodo rural", movimento migratório intenso, levando hordas de cidadãos do campo para a cidade, na busca de ocupação nas metrópoles, em especial nas capitais da Regiões Sul e Sudeste.
O censo demográfico de 2022 escancara movimento inverso, com deslocamento da população dos grandes centros urbanos para cidades menores do interior ou polos em desenvolvimento, afastados das regiões metropolitanas.
Capitais como Salvador, Belém, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Fortaleza, não cresceram em termos populacionais. Pelo contrário, perderam habitantes em percentuais maiores do que cinco por cento, com destaque para a capital soteropolitana que diminuiu em quase 10% sua população.
Os analistas buscam justificativas para esse êxodo urbano, como a ausência do Estado na periferia, a carência de serviços públicos: saúde, segurança, escolas e saneamento básico.
Parte da população mais vulnerável migrou para outras paragens ou retornou às origens no campo ou perto dele, na direção da pujança do agronegócio ou novos polos industriais ou comerciais e de serviços.
As mais de 700 mil vidas perdidas na pandemia e a ameaça de contaminação, que ainda perdura, empurraram brasileiros para o isolamento ou a locais com menor densidade demográfica e uma melhor qualidade de vida.
As cidades litorâneas no Rio de Janeiro são exemplares disso com aumento de moradores na Região dos Lagos, como Rio das Ostras (48,1%), Búzios (45,16%) Saquarema (20,55%) e Cabo Frio (19,18%).
Esse novo levantamento frustrou a expectativa do crescimento populacional, com a menor taxa registrada em 150 anos, e vai exigir uma realocação das políticas públicas, adequando a infraestrutura destas novas localidades escolhidas.
Ainda não temos os dados sobre faixas etárias para constatarmos o esgotamento do bônus demográfico e a redução da população economicamente ativa.
Faltam outras variáveis como fecundidade, mortalidade, migração internacional, faixas etárias e de renda para configurarmos esse novo Brasil que nos bate à porta. Em breve, saberemos. n