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Pedro Jorge Ramos Vianna: Humanidade, sinônimo de maldade?
Opinião

Pedro Jorge Ramos Vianna: Humanidade, sinônimo de maldade?

As novelas televisivas não fazem sucesso se não tiverem, pelo menos, três ou quatro tipos ruins como personagens. Uma atração das 21 horas, por exemplo, apresenta, mais de dez tipos de malfeitores
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De há muito venho pensando na humanidade como sinônimo de maldade.

São muitos os fatos que estão a me levar a este raciocínio.

O ponto focal é que estou convencido de que o ser humano só gosta da maldade. Por que isso?

Fatos corriqueiros me levam a esta conclusão. Comecemos pela televisão.

As novelas televisivas não fazem sucesso se não tiverem, pelo menos, três ou quatro tipos ruins como personagens. Uma novela das 21 horas, por exemplo, apresenta, mais de dez tipos de malfeitores: uma família de três personagens, todos cafajestes; um outro casal, onde ambos são assassinos; um italiano mau caráter; um marido que bate na mulher; uma doidinha que apresenta um site imoral; uma madama de bordel também desonesta; uma mãe que volta para a cidade, não por causa dos filhos, mas para se vingar do ex-marido. E, por aí vai. É um grande sucesso!

Ainda sobre os programas de TV: o noticiário do meio dia de uma emissora mais parece um "Rota 22", pois mais de 80% do noticiário é sobre roubo, assalto, assassinato e outros temas dessa ordem.

Por que isso? Porque é esse tipo de programa que dá audiência. É disso que o povo gosta.

Mas, talvez o mais importante, é isso que "move" a economia. E isso não é de hoje. Já em 1714, o escritor Bernard Mandeville em seu poema "A Fábula das Abelhas", argumentou que são os vícios da sociedade que faz girar a economia. Como o poema é muito extenso, vou reproduzir apenas pequenos trechos.

Dizia ele:

Assim, o vício imperava em cada parte,

Embora o todo fosse um paraíso;

Grupos diretamente opostos

Ajudavam-se mutuamente, como por perversidade,

E a temperança e a sobriedade

Serviam à embriaguez e à gula.... A avareza, raiz do mal,

Esse maldito, perverso, pernicioso vício,

Era escrava da prodigalidade,

O pecado nobre; enquanto o luxo empregava um milhão de pobres,

E o orgulho odioso, mais um milhão.

A própria inveja e a vaidade

Eram ministros da indústria...

...Assim, o vício fomentava a engenhosidade

Que, unida ao tempo e ao trabalho, Propiciava as comodidades da vida,

Seus verdadeiros prazeres, confortos e facilidades,

A tal ponto que mesmos os pobres

Viviam melhor que os ricos de outrora,

E nada mais havia a acrescentar-se."

E a nossa "colmeia" atual a quantos anda? Como está a nossa "justiça"? Pelo visto não muito bem. Aqui basta ser amigo do Presidente para ser nomeado Ministro do STF. E as forças armadas, qual é o comportamento de boa parte de seus membros? Os políticos, ah esses são "hors concurs". Ser político no Brasil é abraçar uma "profissão". E o negócio (ou negociatas) é tão bom que eles empurram os parentes para a "profissão". É pai, mãe, irmãos e irmãs. Todo o clã! Por pouco não viram uma oligarquia.

Quando a honestidade moverá a economia?

 

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Pedro Jorge Ramos Vianna

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