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Cid Gomes não cabe no PT e vice-versa
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É editor digital de Política do O POVO e apresentador do programa Jogo Político, interessado no mundo do poder, seus bastidores e reflexos sobre a sociedade. Entende a política como algo que precisa ser incorporado e discutido por todos. Já foi repórter de Política e também editor da rádio O POVO CBN.

Cid Gomes não cabe no PT e vice-versa

Há indisposições de ambos os lados que chegam a transformar em absurda essa proposta de incluir Cid nos quadros petistas
Ítalo Coriolano (Foto: Ítalo Coriolano)
Foto: Ítalo Coriolano Ítalo Coriolano

Causou surpresa e até espanto a informação dada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, de que o presidente Lula o pediu para convidar o senador Cid Gomes (ainda no PDT) a se filiar ao Partido dos Trabalhadores (PT). Mergulhado há meses numa crise interna no PDT, com direito a briga com o irmão Ciro Gomes e festival de decisões na Justiça, Cid procura uma nova alternativa partidária, a sétima ao longo de sua carreira marcada por desentendimentos em algumas dessas legendas, como foi o caso do PSB, quando decidiu ir para o embate com Sérgio Novais, figura histórica da agremiação à época.

Em 2011, quando ainda era governador, seu grupo político chegou a fazer reunião na calçada para destituir o então presidente municipal do partido em Fortaleza. O curioso é que a legenda é hoje uma das opções avaliadas pelo senador cearense. Atualmente, ela é comandada no Ceará pelo pai de Camilo, Eudoro Santana, que estendeu até tapete vermelho para a chegada de Cid. Outra possibilidade é o Podemos, que passou a ser presidido recentemente por Bismarck Maia, prefeito de Aracati e aliado de longa data do senador.

O certo é que, caso Cid Gomes não queira passar por novas emoções em seu futuro partido, a melhor decisão é descartar o PT dos planos. Se já não conseguiu conter os ânimos em um partido como o PDT, avalie em uma sigla mil vezes mais complexa, cheia de correntes e com fortes opositores à sua presença ali. A deputada federal Luizianne Lins é um deles. O colega de Câmara José Guimarães também não viu a ideia com bons olhos.

Neste caso, é preciso entender também o perfil de Cid, há anos aliado ao PT, mas que nunca se furtou em fazer duras críticas quando achou necessário. Estaria ele disposto a engolir uma lagoa cheia de sapos-bois em nome de figurar em uma das legendas mais fortes do País? O que teria ele a ganhar a não ser muita dor de cabeça e confrontos desnecessários?

No momento em que Cid afirma, de forma categórica, que repetiria cem vezes "O Lula tá preso, babaca" - episódio que marcou as eleições presidenciais de 2018 e que foi explorado pelo então candidato Jair Bolsonaro - o ex-governador dá a senha de que não irá abrir mão do pensa para se adequar à estrutura petista não muito afeita a autocríticas e muito menos a avaliações externas.

Cid pode não ter o temperamento explosivo do irmão Ciro, mas ele nunca escondeu as discordâncias que tem em relação a algumas práticas lulopetistas. Mais recentemente, por exemplo, em março, o senador afirmou que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, estaria sendo conivente com o Centrão e que isso levaria o presidente Lula "para o buraco". Ele não deve ter mudado de opinião de lá para cá.

Importante também ressaltar que há muita gente dentro do PT que vê em Cid - de modo até exagerado, penso eu - uma figura oligárquica, aliada aos interesses da classe dominante e todos aqueles chavões próprios de parte da esquerda. Ou seja, há indisposições de ambos os lados que chegam a transformar em absurda essa proposta de incluir Cid nos quadros petistas. Resumindo, o PT não cabe em Cid e Cid não cabe no PT. n

 

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