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Nilson Fernandes: Nunca vi réveillon sem fogos
Opinião

Nilson Fernandes: Nunca vi réveillon sem fogos

A queima de fogos no Réveillon é um espetáculo à parte. Fico com o prefeito de Recife, João Campos, ao defendê-la, "para que seja vista da cidade inteira". Iluminada seja a mente dos gestores municipais
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Alquimistas chineses, na busca pelo Elixir da Vida Eterna, misturaram nitrato de potássio, carvão e enxofre e obtiveram, no século I, um pó acinzentado que logo entrava em combustão. Descoberta a pólvora. Devido as suas capacidades inéditas, encontraram-se usos diversos para ela. E uma das primeiras invenções derivadas da pólvora foram os fogos de artifício. Pela tradição, os chineses viam no barulho emitido uma maneira de afastar os maus espíritos, além de representarem alegria, sorte e prosperidade.

Popularizados no ocidente a partir do século XVII, os fogos de artifício tornaram-se atrações em inúmeros festejos. Cá entre nós, modernamente, explodem esperanças nas comemorações da passagem de ano. As atenções do mundo se voltam para o Rio de Janeiro e seu espetáculo de cores e desenhos mágicos no céu, remetendo a encontro, beleza, contentamento. Em Fortaleza, igualmente. O Réveillon da Praia de Iracema é outra alegria com os benditos fogos de artifícios. Ou melhor, era.

Pelo segundo ano consecutivo, não teremos o tradicional espetáculo. Acho desarrazoada a proibição, transformada em lei. Sabemos que cidades que aprovaram semelhante procedimento liberam os fogos de artifício em datas especiais. Por que não nós, no Réveillon? Quer dizer que não teremos fogos em Fortaleza? Então vou pra Recife!

Fogos de artifício, aqui, são crime.

Criada durante a pandemia, a Lei n° 11.140/2021 proíbe o uso de artigos que provocam ruído alto em eventos públicos e particulares... Ocorre que a ocasião era então especialíssima, vivíamos tempos de profundas incertezas. Passou, vivemos outros enredos. Não falo em liberalidade para se fazer barulho e assustar pessoas de mais idade, crianças de espectro autista e animais, que muito respeito (pois os tenho em família), mas haja regulação em horários apropriados, cuidados. Infelizmente, Fortaleza substituiu "esses protagonistas da dança sincronizada que recria no céu as cores do arco-íris" por um bate-estacas de mal gosto.

A queima de fogos no Réveillon é um espetáculo à parte. Fico com o prefeito de Recife, João Campos, ao defendê-la, "para que seja vista da cidade inteira". Iluminada seja a mente dos gestores municipais.

 

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Nilson Fernandes 

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