Não é novidade para ninguém que a vida é uma munição infinita para a arte, principalmente quando se pensa sobre as deformidades acometidas no social. Muitos nem ao menos percebem tamanha criticidade ao qual estão sendo expostos, talvez por ignorância, mas pior ainda aqueles os quais veem a crítica, porém, não acham críveis que elas aconteçam no real, persistindo numa banalização.
A arte alerta a vida quando ela pode chegar ao seu pior, embora nem todos deem ouvidos aos seus sinais. E é com essa premissa que o filme A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes surge. O herdeiro crítico da trilogia aclamada de Jogos Vorazes retorna para as telonas. Um dos maiores pilares da literatura-juvenil volta agora com uma literatura jovem-adulta mais aprofundada, descascando nos Jogos Vorazes, cruel 64 anos antes de Katniss Everdeen.
Para muitos, o sentimento de nostalgia da pré-adolescência floresce, mas não só ele, questionamentos sem resposta borbulham novamente: o homem nasce bom e a sociedade o corrompe ou ele já nasce mau? E ainda: o quanto da brutalidade da décima edição dos Jogos Vorazes vivenciamos? O quanto falta ou já vivemos nos Jogos Vorazes? O cenário político, ambiental e econômico atual da humanidade provavelmente responderia que vivemos várias edições dessa desumanização há anos, basta apenas ligar a televisão e colocar em um jornal a qualquer hora do dia.