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Miguel Braz: Bolsonaro não é um cidadão fortalezense
Opinião

Miguel Braz: Bolsonaro não é um cidadão fortalezense

O ex-presidente humilhava os nordestinos, nos chamou de comedores de capim, menosprezou a pandemia; sua negligência matou milhares de fortalezenses, onde a taxa de letalidade na capital chegou a 8,6%
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É comum a existência nos parlamentos de um "acordo natural" para aprovar títulos de cidadãos sugeridos pelos próprios políticos, e de trata com naturalidade essa e outras homenagens, mas tudo tem limite. A recente aprovação do título de cidadão fortalezense ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro vai contra os interesses do povo de Fortaleza.

Bolsonaro humilhava os nordestinos, nos chamou de comedores de capim, menosprezou a pandemia; sua negligência matou milhares de fortalezenses, onde a taxa de letalidade na capital chegou a 8,6%, ou seja, de cada 100 pessoas que contraíam a doença, 8,6 morriam. Em 2020, dos 100 mil óbitos provocados pela doença no país, 3,7 mil foram registrados na cidade.

Isso sem contar a falta de diálogo institucional entre nosso Estado e o governo federal, que não chegou a receber o governador Camilo Santana nenhuma vez. O povo de Fortaleza rejeitou Bolsonaro quando foi candidato a presidente em 2018, sendo a única capital que ficou em 3º lugar no primeiro turno, perdendo para Ciro e Haddad. O Ceará, com muito orgulho, foi um dos estados que mais ajudou na derrota de Jair em 2022, e o parlamento de Fortaleza deve respeitar o povo de sua cidade que disse não a Bolsonaro.

O que explica vereadores da base do prefeito, inclusive do PDT e bolsonaristas, votarem juntos? Essa atitude da Câmara não refletiu os anseios do povo; para isso, bastava fazer uma pesquisa ao fortalezense para saber se ele quer conceder esse título, e a derrota seria esmagadora.

O que houve na Câmara foi uma incoerência de uma casa democrática homenagear um não democrata. Bolsonaro não respeitou o voto do povo brasileiro e foi apoiador e incitador de uma tentativa de golpe, atacou o sistema eleitoral, lutou contra as vacinas, e a população deverá cobrar essa falta de respeito dos vereadores que se dizem democratas e resolveram agraciar um genocida.

A concessão desse título envia uma mensagem errônea à população de Fortaleza, desconsiderando o sofrimento e as perdas causadas pelas políticas e atitudes de Bolsonaro. É necessário que os representantes municipais estejam alinhados com os verdadeiros anseios da sociedade, priorizando o respeito à democracia e à vontade popular.

 

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Miguel Braz

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