O que, num primeiro momento, poderia parecer uma revolta espontânea de manifestantes que adentraram em edifícios das cúpulas dos três poderes em Brasília, decorrente de falhas das forças de segurança, acabou se revelando uma ação organizada, com amplo financiamento, fomentada através das redes sociais e incentivada por inúmeros atores políticos. A maior resposta, até o momento, partiu do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em decisões proferidas logo após o evento, o ministro Alexandre de Moraes, a fim de evitar um efeito em cascata da revolta, determinou o afastamento do governador do Distrito Federal (DF), a prisão preventiva de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do DF, do coronel Fábio Vieira, comandante da Polícia Militar do DF, a dissolução dos acampamentos nas imediações dos quartéis generais e unidades militares; a desocupação de vias e prédios públicos em todo o território nacional; e a apreensão de ônibus que trouxeram manifestantes ao DF.
Centenas de pessoas foram presas, sendo instauradas 1.354 ações penais. Até o momento, o STF julgou e condenou 30 pessoas por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado.
Algumas lições podem ser tiradas do episódio: 1) o direito de manifestação não inclui a violência e o vandalismo; 2) não se pode tolerar, por projeto (e por ações), a destruição da democracia, com o uso da violência, ainda mais sob um falso escudo de "liberdade de expressão"; 3) sem a atual cúpula do Judiciário dificilmente a democracia no Brasil estaria sólida; 4) predomina nas Forças Armadas a defesa da legalidade, por mais negativo que tenha sido a omissão em desmobilizar acampamentos ilegais, antes do 8/1, e o apoio de alguns militares ao movimento; 5) as redes sociais não podem se tornar "terra sem lei" e a falta de educação crítica gera deturpação da cidadania; 6) a política nacional de segurança (lei nº 13.675/18), não tem recebido a devida atenção dos governantes; 7) a democracia precisa abundantemente ser defendida e ressaltada.