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Humberto Mendonça: A tentativa enganosa de "golpe" de 8 de janeiro
Opinião

Humberto Mendonça: A tentativa enganosa de "golpe" de 8 de janeiro

Esses depredadores não tinham uma liderança que os orientassem naquela ocasião; nem contavam com apoio de qualquer grupo armado, indispensável para dar suporte a uma verdadeira tentativa de golpe
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Humberto Mendonça. Empresário.
. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Humberto Mendonça. Empresário. .

Li como assinante, leitor, e colaborador do O POVO, edição de 7/1/2024, o artigo "8 de janeiro: à sombra do bolsonarismo", de autoria do senhor João Aglaylson - assessor do Governo do Estado. A minha formação democrática - que inclui o respeito a todas as correntes ideológicas - leva-me a pedir - em nome da liberdade de opinião, a oportunidade de comentar o artigo citado. E me arrimo na "Carta de Princípios" deste respeitado jornal, bem como ao fato de ser um antigo colaborador, ao tempo do admirável Demócrito Dummar, exemplar homem do jornalismo cearense, com quem convivi.

Data vênia, discordo da forma como o autor do artigo citado menciona aquele lamentável episódio como sendo "um ataque terrorista"..." "que teria sido planejado, alimentado e exacerbado por discursos inflamados e polarizadores", passando a impressão de que o mesmo teria tido a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Este, naquela data se encontrava nos Estados Unidos.

Ora, as redes sociais - na prática as verdadeiras formadoras da atual opinião pública brasileira nos dias atuais - mostrou, à exaustão, que a invasão aos prédios públicos em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, ocorreu com o consentimento cumpliciado dos que estavam dentro das repartições públicas, antes do início da depredação. Vândalos entraram tranquilamente nos palácios, antes do quebra-quebra. E os vídeos, divulgados posteriormente, mostram-nos esses fazendo a destruição no interior dos prédios.

Esses depredadores não tinham uma liderança que os orientassem naquela ocasião; nem contavam com apoio de qualquer grupo armado, indispensável para dar suporte a uma verdadeira tentativa de golpe. Interessante que as autoridades presentes em Brasília, inexplicavelmente, não ofereceram qualquer resistência à destruição dos bens materiais dos prédios públicos. Não consta ocorrência de feridos ou mortes. Coisa esquisita: teria sido uma depredação "pacífica" e planejada?

Estranho: não houve pedido judicial - seja por parte do comando militar, seja do ministério público - para instauração de processo criminal, junto ao Supremo Tribunal Federal, contra as pessoas que estavam acampadas em frente aos quartéis do Exército em Brasília. Estas foram presas somente no dia seguinte. Foram prisões em massa, incluindo pessoas velhas, mulheres e até criança, sem identificação de culpa. Elas não tiveram sequer acesso a advogados antes das audiências de custódia.

Qualquer pessoa medianamente informada viu nessa "tentativa" de golpe, que se resumiu em inaceitáveis depredações - e, ao que parece, previamente "consentidas" por quem estava dentro dos prédios públicos - a uma farsa mal encenada. Ninguém aprova depredações. Mas a maioria da opinião pública brasileira viu nessa "tentativa de golpe de estado" uma armação política de uma peça teatral de quinta categoria. n

 

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