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Cecília Góis: Infância, violência sexual e internet
Opinião

Cecília Góis: Infância, violência sexual e internet

É necessário e estratégico que crianças e adolescentes tenham acesso ao conhecimento sobre seus corpos, sobre o que é sexualidade e o tempo mais adequado para vivenciar as sensações naturais de cada corpo
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Ao longo dos anos o fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes tem crescido muito e se diversificado bastante. Mesmo tendo uma "facilidade" de acesso à informação, os números da violência só aumentam. Cabe questionar se o acesso à informação por si só é um fator tão relevante para a prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes.

Se queremos de fato impactar e reduzir os números da violência sexual, é preciso investir em políticas públicas, em ações estratégicas de prevenção. Uma dessas é o debate público sobre educação em autoproteção. É necessário e estratégico que crianças e adolescentes tenham acesso ao conhecimento sobre seus corpos, sobre o que é sexualidade e o tempo mais adequado para vivenciar as sensações naturais de cada corpo.

Mas o que ocorre, infelizmente, é que pais, mães ou responsáveis não se sentem preparados para ter esse tipo de conversa com as crianças e os adolescentes, tratando a sexualidade como tabu. Com isso, adia-se uma conversa que precisa ser feita de acordo com o surgimento das dúvidas, ou seja, no tempo certo de cada etapa da infância e da adolescência.

Infelizmente os resultados dessa fuga da realidade podem trazer uma variedade de problemas. A criança não vai cessar suas curiosidades, vai buscar na internet mais informações sobre o assunto e lá ela vai ter acesso a todo tipo de informação, inclusive, a sites com conteúdos pornográficos. Nesses espaços têm pessoas adultas que manipulam a criança e o adolescente a fazerem o que essas pessoas querem, inclusive chegam a fazer sexo de forma virtual, ou até a marcar encontros presenciais.

Fica a dica: se o adulto de referência da criança ou do adolescente se eximir da sua responsabilidade de orientar da forma adequada, outras pessoas mal intencionadas vão se aproveitar desta fragilidade, e vão fazê-lo das piores formas possíveis. Uma outra questão é o alerta de que diante de qualquer toque diferente ou situação que ultrapasse os limites do devido respeito ao seu corpo, deve-se pedir ajuda de imediato.

Enquanto não tivermos consciência da importância da educação em autoproteção vamos continuar assistindo os números da violência sexual contra crianças e adolescentes crescendo a cada ano, infelizmente.

 

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Cecília Góis

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