Ao longo da história, a humanidade enfrentou inúmeras batalhas para preservar ou melhorar a qualidade de vida. O enfrentamento global da pandemia da Covid-19 motivou o desenvolvimento e distribuição de vacinas em um tempo recorde, com inegável sucesso. Outras lutas, como a busca pela igualdade de gênero, não alcançam o mesmo engajamento. Uma tal igualdade impactará os privilégios que o sistema patriarcal gera para os homens, requerendo mudanças nas estruturas social e política às quais todos estão acostumados.
Urge a reconstrução de uma ética masculina comprometida com a promoção da igualdade material de gênero. Não cabe apenas às mulheres essa batalha. Atribuir à mulher a exclusividade do cuidado, por exemplo, é comprometer a igualdade de sua performance no mundo do trabalho. Recentemente, o CNPq citou a gestação como fundamento para negar bolsa de estudo a uma pesquisadora, em flagrante preconceito. Ecoa atual, a indagação formulada por Olympe de Gouges, em 179: 'Homem, és capaz de ser justo? Uma mulher faz essa pergunta'. Sobrecarga nas tarefas do cuidado, disparidades sociais, violência de toda sorte, sobretudo, a doméstica, ainda recaem sobre as mulheres.
A despeito dos avanços, a desigualdade ainda é gritante, inclusive no universo feminino que está longe de ser homogêneo. Há mulheres sentadas em lugares altos, com bons salários, autonomia e poder para autodefesa, mas também há aquelas que sofrem absoluta precariedade, vivendo do trabalho informal e condições indignas. Na maioria, mulheres negras que também são as mais afetadas pela violência doméstica. O feminicídio é endêmico. A viragem impõe o engajamento dos homens pela reedificação de uma nova masculinidade, como propõe Ivan Jablonka, no livro Homens justos: do patriarcado às novas masculinidades.
As mulheres não podem carregar sozinhas o peso das mudanças, os homens que, são filhos, pais, maridos ou cônjuges precisam se envolver nesse processo. "O desafio dos homens não é "ajudar" as mulheres a se tornarem independente, mas mudar o masculino para que este não as subjugue." O Cristo histórico deixou exemplos, confrontando à época em que viveu. O Brasil, um país cristão, estampa piores índices de violência de gênero.