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Mudanças climáticas e biodiversidade
Opinião

Mudanças climáticas e biodiversidade

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Tarcísio Lyra dos Santos Abreu. Biólogo, Doutor em Ecologia, Pesquisador da Rede Biota Cerrado e do Centro de Conhecimento em Biodiversidade. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Tarcísio Lyra dos Santos Abreu. Biólogo, Doutor em Ecologia, Pesquisador da Rede Biota Cerrado e do Centro de Conhecimento em Biodiversidade.

Em 2023, o El Niño demonstrou sua natureza mais severa sobre o Brasil. Por exemplo, na região Sul, chuvas torrenciais e inundações desencadearam perdas humanas. Nas regiões Nordeste e Norte, estiagens provocaram secas, inclusive notórias nos rios amazônicos. Os impactos do El Niño têm sido intensificados pelas mudanças climáticas globais, resultando em fenômenos extremos mais frequentes e imprevisíveis.

O Brasil, conhecido por sua riqueza de espécies animais e vegetais, é particularmente vulnerável a perdas de biodiversidade devido ao aquecimento global, conforme o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. E para entender melhor esses impactos, pesquisadores do Centro de Conhecimento em Biodiversidade elaboraram um panorama dos impactos das Mudanças Climáticas sobre a biodiversidade brasileira, visando determinar quais os principais agentes das mudanças, padrões e lacunas de conhecimento entre grupos de plantas e animais, biomas e regiões brasileiras.

Os resultados preliminares destacam que há um maior número de artigos científicos realizados na Floresta Atlântica, Cerrado e Caatinga, em relação aos demais biomas; de estudos sobre plantas, aves e insetos em comparação a anfíbios, repteis e peixes. E ainda que atividades vinculadas à fragmentação, a perda de habitat e às alterações do uso de solo, tais como mineração, agricultura e pecuária, potencializam as consequências negativas das mudanças climáticas sobre nossa biodiversidade.

Segundo o estudo, a maioria das pesquisas projeta efeitos negativos das mudanças climáticas (68,6%), em comparação com efeitos neutros (3,9%) ou positivos (27,5%). Mais do que nunca, proteger nossa biodiversidade é fundamental para mitigar os impactos das mudanças climáticas e enfrentar a crise socioambiental que assola o planeta. Hoje já não se trata de garantir a qualidade de vida das gerações futuras. É a sociedade atual que, em poucas décadas, estará sujeita às impiedosas intempéries do aquecimento global. Afinal, "El Niño" tende a retornar mais "maduro" e intenso a cada quatro anos. n

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