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Milena Coelho: E sobre essa tal felicidade?
Opinião

Milena Coelho: E sobre essa tal felicidade?

Cabe o questionamento: vivemos de fato sorrindo, felizes, suportando de modo saudável todas as demandas diárias? Acredito que o verbo suportar já dê ideia de uma possibilidade de resposta
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Milena Coelho. Coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Ceará. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Milena Coelho. Coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Ceará.

No dia 20 de março, celebra-se o Dia da Felicidade, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para estimular a criação de políticas públicas que visem o bem-estar das pessoas. Mas afinal, o que seria a tão sonhada felicidade?

Vivemos atualmente em uma era em que se valoriza a validação do outro, fruto principalmente do advento das redes sociais, culminando na elevada exposição das pessoas umas às outras, quando comparada a anos atrás. No entanto, cabe o questionamento: vivemos de fato sorrindo, felizes, suportando de modo saudável todas as demandas diárias? Acredito que o verbo suportar já dê ideia de uma possibilidade de resposta.

Felicidade pode ser entendida como um conjunto de comportamentos nomeado dessa forma, que cumpre a função de nos sentirmos validados por nos comportarmos de maneiras específicas, em contextos específicos. Em outras palavras, nos sentimos felizes quando nos sentimos bem sendo quem somos.

Para alcançarmos tais comportamentos, muitas vezes abertos e encobertos, precisamos verificar quais são os contextos em que temos nos inserido e quais comportamentos temos emitido neles, pois a partir deste cenário, conseguiremos mais facilmente visualizar quais são as possíveis funções ou os possíveis motivos de mantermos determinados comportamentos.

Afinal, ser feliz não é simplesmente ter conversas fáceis, por exemplo. Para sermos verdadeiramente felizes, precisaremos aprender a ter conversas difíceis, a sermos autênticos e de modo assertivo com o que sentimos, seja no ambiente de trabalho ou no relacionamento afetivo ou ainda no contexto familiar; caso contrário, estaremos fadados a ter construções voláteis, fugazes, desde a sua concepção.

Ser feliz é uma construção diária, mas que preconiza condições básicas que são imprescindíveis: moradia, alimentação, saúde, emprego e segurança. Por isso, não adianta falarmos em Dia da Felicidade se ignorarmos condições básicas de existência. Lutemos por um

sistema educacional que contemple inteligência emocional nas escolas, mas também lutemos por uma sociedade que não feche os olhos para a fragilidade real do dia a dia, mascarada tantas vezes pelas telas dos celulares.

 

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