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Victor Breno Farias Barrozo: Espiritualidade e cidadania
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Opinião

Victor Breno Farias Barrozo: Espiritualidade e cidadania

Para aqueles que julgam não ser importante a questão da fé para o cidadão, talvez não tenham entendido nem a força das crenças religiosas na vida pessoal, nem a força dos religiosos na vida política do todo social
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Victor Breno Farias Barrozo

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Em vista não apenas às eleições municipais de 2024 no Brasil, mas também, considerando a crescente com relação à incidência da religião e sua importância no cenário público, torna-se necessário considerar o lugar que a espiritualidade religiosa ocupa na construção da cidadania na sociedade. A bem da verdade, não é necessário ter uma espiritualidade para ser cidadão ou promover a cidadania. Mas, ter uma espiritualidade, implica numa forma específica de compreender e praticar a cidadania. Para aqueles que julgam não ser importante a questão da fé para o cidadão, talvez não tenham entendido nem a força das crenças religiosas na vida pessoal, nem a força dos religiosos na vida política do todo social.

Em termos simples, nos referimos a "espiritualidade cidadã" como uma forma de expressar os conteúdos de fé individual na vida cotidiana e pública, de modo a favorecer valores de cidadania para a comunidade. Como cidadãos, religiosos e suas instituições possuem - como quaisquer outros, possuindo ou não alguma declaração religiosa - uma responsabilidade em buscar e zelar pela garantia de direitos, deveres, liberdades, justiça, bem-comum, entre outros.

Uma vez que as religiões no geral, em seu bojo de crenças, afirmam princípios como amor, misericórdia e solidariedade, pode-se pressupor que elas deveriam contribuir para a cidadania. Assim, uma espiritualidade autêntica pode e dever ser um fator ativo de cidadania.

Cidadania se faz, não apenas com ações propositivas, mas também, combatendo aqui que a impossibilita ou a enfraquece. No contexto atual onde a espiritualidade tem sido cooptada por ambos os espectros políticos com fins eleitoreiros, a dimensão cidadã da vida espiritual precisa desvencilhar-se da instrumentalização oportunista (como via de mão dupla), combatendo as expressões de polarização ideológica, corrupção, fake news, patrimonialismo, personalismos e outros congêneres. De tal forma, a espiritualidade torna-se ela mesma um componente político crítico onde cada cidadão religioso pode contribuir participativamente para uma sociedade melhor posicionando-se contra todos estes problemas.

 

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