Uma nova pauta deve "agitar" os bastidores da Assembleia Legislativa do Ceará, até o fim do ano (O POVO, 4/11). Será a indicação do novo conselheiro para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-CE). Um dos nomes citados é o da secretária da Proteção Social, Onélia Santana, casada com o ministro da Educação, Camilo Santana. A este jornal, ela declarou tratar-se de "especulação".
Mas é comum, no Ceará e Brasil afora, a nomeação de políticos e parentes para ocupar cargo vitalício em tribunais de contas, com salários que passam de R$ 35 mil. A composição do TCE-CE tem dois integrantes oriundos da política: Patrícia Saboya (ex-senadora) e Valdomiro Távora (ex-deputado).
Levantamento do O Globo (6/3/2023) mostra que de 232 conselheiros das cortes de contas em todo o País, 30% são parentes de políticos.
Verificação da Folha de S.Paulo (18/7/2024) revelou que tribunais de contas da Bahia têm em seus quadros ao menos 16 parentes de políticos ou dos próprios conselheiros. Um dos casos é o da enfermeira Aline Peixoto, casada com Rui Costa (PT), ministro do governo Lula e ex-governador da Bahia.
Há pelo menos cinco outros casos de esposas de governadores e ex-governadores nomeadas conselheiras de tribunais de contas. No Piauí, Rejane Dias, casada com Wellington Dias (PT-PI), ministro do Desenvolvimento Social, ex-governador. Em Alagoas, Renata Calheiros, mulher do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), ex-governador. No Amapá, Marília Góes assumiu quando o marido, Waldez Góes (PDT-AP), governava o estado; atualmente é ministro do Desenvolvimento. Daniela Barbalho também foi nomeada conselheira, com seu marido, Hélder Barbalho (MDB) no exercício da função de governador.
Sem esquecer que Domingos Brazão, preso como suspeito de ser um dos mandantes das mortes de Marielle e Anderson, continua listado como conselheiro do TCE-RJ.
Essas indicações são "legais", porém esbarram na ética, pois os tribunais fiscalizam as contas públicas de prefeituras e estados.
Nesse mau hábito, prevalece a "democracia", pois esquerda e direita praticam o compadrio familiar, depois se espantam com o desapreço das pessoas pela política.