Há um bom tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem declarando que saúde é "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença". Inúmeras são as doenças do corpo já conhecidas e catalogadas pela Medicina, que, por conta dos avanços das pesquisas e investimentos, tem descoberto as formas de cura, ou de tratamento, resolvendo ou minimizando o sofrimento dos pacientes.
Tangente às moléstias emocionais, em constante aumento, existe na psiquiatria um elenco de mais de 300 patologias até o momento diagnosticadas, sendo grande parte delas relacionadas às últimas quadras vividas pela humanidade, mormente em virtude de pressões, excessos de cobranças e preconceitos, próprios de sociedades, ambientes familiares e de trabalho competitivos, que estabelecem padrões que exigem altas performances, o que acaba por gerar, independente da faixa etária, ou classe social, frequentes adoecimentos por ansiedade, depressão, síndrome de Burnout, muitas vezes levando até mesmo ao suicídio, prática lamentável, mas crescente em nosso meio.
Também para essas doenças da alma, o avanço da Psicologia, Psiquiatria e Espiritualidade, esta última advinda, ou não, das religiões, ou de filosofias, bem como o aprimoramento de fármacos têm corroborado para a plena cura, ou ao menos para o alívio dos sofrimentos emocionais, que muitas vezes travam o indivíduo para a consecução das atividades mais basilares de seu cotidiano, inclusive no seu trabalho.
Contudo, para as doenças de caráter, no meu sentir, curas não são possíveis. É detentor de mau caráter o indivíduo desonesto, malicioso, sem empatia para com seu semelhante e capaz de qualquer gesto que possa lhe trazer vantagem, independente de prejudicar quem quer que seja, ou ferir a boa ética, que recomenda que não se faça ao outro aquilo que não quer que seja feito em seu desfavor.
As Literaturas alienígena e nacional trazem exemplos de tais figuras, como a de Tartufo, da obra de Molière, que, para auferir vantagens da nobreza francesa, fingia ser o que não era, nem muito menos acreditava.
Que Deus nos livre da convivência com os de mau caráter, bem como de achar que nossa postura ética é superior à de nossos interagentes!