Usando a exorbitância das taxações como um porrete, chegou a vez de o Brasil levar a paulada desferida pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Contrariando a tese (ou o desejo) de alguns analistas de que o Brasil não entraria na dança, pois seria um país “sem importância” para a politicalha americana, Trump tomou uma decisão que afeta diretamente esta Terra de Santa Cruz.
O presidente americano prometeu aplicar sobretaxa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, de países como Brasil, México, China e Canadá.
Porém, ainda persiste, por parte de certos “especialistas”, outro mito em torno do homem laranja. De que existiria grande distância entre o que ele diz e sua prática, sendo as ações mais ponderadas do que o discurso.
Para esses comentaristas, Trump estaria exercendo suas faculdades de “grande negociador” ao fazer propostas extravagantes e fascistoides, apenas com o intuito de “assustar” os adversários (inimigos na visão dele) para obter vantagens comerciais.
Somente a má-fé ou ingenuidade política podem levar alguém a acreditar que as propostas de limpeza étnica na Faixa de Gaza; de usar lei de guerra contra indocumentados; de anexar o Canadá e apoderar-se da Groenlândia são apenas exibições de força sem consequências práticas.
Na verdade, com Trump e populistas de extrema direita, a retórica que precede o ato, pois a repetição faz com que o absurdo alcance ares de normalidade, surgindo a oportunidade para a realização do feito. A distância entre intenção e gesto é o exato tempo da oportunidade.
Agem corretamente as autoridades brasileiras ao responderem com prudência às provocações da Casa Branca, evitando dar munição ao stand-up macabro de Trump.
Apesar de ainda funcionar está desvelada a tática trumpiana de produzir um tsunami de informações falsas, afogando qualquer possibilidade de entendimento e de um debate racional em torno de qualquer assunto.
Quanto à taxação, seria interessante saber se os “patriotas”, Bolsonaro, família e corriola vão defender o Brasil ou continuarão reverenciando o grande sacerdote, Donald Trump.