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Vanda Claudino: Arie da Matinha do Pici — um patrimônio em risco
Opinião

Vanda Claudino: Arie da Matinha do Pici — um patrimônio em risco

A UFC deveria adotar uma postura proativa em relação à conservação desse patrimônio, mas o que vemos é o descaso por parte da instituição, o que representa desvio da missão educacional e de desenvolvimento sustentável que uma universidade deve promover
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Vanda Claudino

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A Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) da Matinha do Pici, criada em 2016 a partir de projeto de lei do então Vereador João Alfredo Telles Melo, situa-se no campus da Universidade Federal do Ceará, englobando o açude Santo Inácio.

Destaca-se como patrimônio natural importante, pois abriga os últimos vestígios da vegetal original da cidade — a mata de tabuleiros —, sendo essencial pela sua biodiversidade. Conta com árvores nativas como angelim, mirindiba, cajueiro e coaçu, além de fauna endêmica, e realiza controle hidroclimático na região.

A Arie representa um microcosmo de desafios que envolvem a UFC e a Prefeitura de Fortaleza. No momento, enfrenta uma série de ameaças, como a poluição, o acúmulo de lixo, a invasão por vegetação exótica, sendo notória a falta de um plano de manejo adequado para a sua gestão.

Normalmente, áreas verdes dentro de instituições de ensino são utilizadas para fomentar a educação ambiental. Elas servem como laboratório ao ar livre, permitindo que alunos se conectem e entendam a importância da conservação. Isso não ocorre com a Matinha do Pici.

A ausência de atividades educativas contribui para a desvalorização do local, fazendo com que a comunidade acadêmica e a sociedade em geral não reconheçam seu valor.

A UFC deveria adotar uma postura proativa em relação à conservação desse patrimônio, mas o que vemos é o descaso por parte da instituição, o que representa desvio da missão educacional e de desenvolvimento sustentável que uma universidade deve promover.

É imperativo que a universidade assuma a liderança na gestão desse espaço e que não só proteja a biodiversidade, mas também eduque e inspire. A implementação de programas de voluntariado e projetos de extensão que envolvam os alunos e a comunidade em atividades de plantio e recuperação da área poderia transformar a percepção sobre a Matinha do Pici e incentivar uma cultura de respeito e cuidado com o meio ambiente, o que se faz cada vez mais urgente e necessário.

 

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