A extrema direita já não está achando suficiente apresentar-se como defensora da "liberdade", distorcendo esse conceito, para defender seus interesses mesquinhos e pregar o autoritarismo.
Na compreensão dessa gangue, "liberdade" é o "direito" de fazer ameaças de morte impunemente, orientar quadrilheiros a perseguirem adversários, caçar pessoas nas ruas na ponta de uma arma, depredar instituições e tramar um golpe contra a democracia.
Agora sequestram símbolos históricos da luta progressista para justificar os crimes que cometem.
Primeiro foi o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), ao comparar Débora Rodrigues com Rosa Parks, o que é um insulto, senão uma heresia.
Entre outros crimes, "Débora do Batom", assim conhecida por pichar a estátua da Justiça utilizando esse material, foi condenada pelo Supremo, Tribunal Federal (STF) por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado. Ela foi participante do ato de 8 de janeiro de 2023, que depredou a sede dos três poderes, como parte de um plano para depor um governo legitimamente eleito.
Rosa Parks foi presa em 1955, em Montgomery (Alabama) por recusar-se a ceder seu assento no ônibus a um homem branco, como mandava a lei de segregação racial, durante o período em que vigorou o apartheid nos Estados Unidos.
A resistência dessa mulher negra provocou um boicote aos ônibus que durou mais de um ano, terminando com a Suprema Corte americana proibindo a segregação nesse meio de transporte.
O ato de coragem de Parks também marcou o início da luta por direitos civis nos Estados Unidos, quando surgiu a liderança de um jovem pastor negro da Igreja Batista: Martin Luther King.
Agora é a vez de Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa. Condenada por desvios de recursos do Parlamento Europeu, ela recebeu pena de quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade. Ela ousou comparar-se a Luther King, ao dizer que vai lutar pacificamente contra a condenação.
Essas equivalências disparatadas podem ser consideradas falta de noção ou falta de vergonha, o que são. Mas, na verdade, fazem parte da tática da extrema direita de distorcer os fatos para confundir adversários, ao tempo em que oferece "argumentos"para os seguidores fanáticos