O geógrafo possui olhar sensível, sempre atento as nuances que permeiam sociedade e natureza.
Como dizia Carlos Walter, a geografia nos (de)forma, pois ela nos forma críticos, em seguida transmuta nosso olhar, fazendo ir além das aparências, buscando a essências dos processos.
Nesse contexto, parabenizo Fortaleza por mais uma primavera, 299 anos, mas há de convir que existem duas "Fortalezas": a que temos e a que queremos!
Dessa forma, irei aqui elencar cinco problemas que se materializam no espaço urbano da metrópole e carecem de ser solucionados, melhorados e/ou aprimorados.
1. Ampliar a mobilidade urbana na cidade, garantindo maior e melhor infraestrutura de deslocamento, em especial à classe trabalhadora, que necessita de transporte público acessível e de qualidade.
2. Estamos no período da quadra chuvosa, a cidade torna-se um caos, pois possuímos déficit no sistema de escoamento superficial, fazendo com que mesmo nas chuvas mais brandas alguns pontos da cidade tornem-se verdadeiras "lagoas urbanas".
3. Fortaleza precisa equacionar, todo seu planejamento urbano/territorial/ambiental sob a tônica de cidades sustentáveis, que se preocupam com a emergência climática.
4. Garantir, proteger e ampliar a cobertura vegetal em seu tecido urbano, possibilitando assim a redução das ilhas de calor, propiciando à população maior conforto térmico.
5. Solucionar o problema da violência e infiltração das facções criminosas no território, desarticulando-as e propiciando maior segurança aos citadinos, que paulatinamente sofrem com as disputas e fragmentações territoriais. Fortaleza situa-se como a nona cidade mais perigosa do mundo.
Evidentemente, a Metrópole vivencia diversos outros problemas, mas quem sabe ao solucionar ao menos os cinco supracitados, não poderíamos comemorar com maior altivez seus 300 anos em 2026?
Como fortalezenses, temos obrigação de sermos utópicos, pois a realidade apresentada é difícil, mas se não tivermos coragem de propor soluções as mudanças tornam-se impossíveis.