Desde que o autismo começou a ser estudado, há exatos 117 anos, houve mudanças consideráveis na ciência e na sociedade. Hoje, compreendemos como autismo uma condição neurobiológica que compromete o desenvolvimento social, emocional e comunicativo, e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que abarca uma amplitude de sintomas e níveis de gravidade, dos quais o autismo faz parte. Em 2 de abril de 2007, a ONU criou o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo convocando todos os países a promoverem e firmarem, em nível global, os direitos humanos e as liberdades fundamentais das pessoas autistas.
Foram necessários, portanto, 99 anos para que as grades da caverna que prendiam o autismo e excluíam sua existência humana social fossem quebradas. Desde então, cabe a todos nós a tarefa de contribuir com o processo de inclusão da comunidade autista numa sociedade que, cada vez mais, prioriza a eficiência e o alto desempenho.
O preconceito enraizado é o principal motivo (e sintoma) do desinteresse nessa temática, o que dificulta a compreensão desse modo de existência subjetiva e singular. Para mim, isso fica claro quando as informações médicas são citadas com dados sobre o aumento dos diagnósticos de TEA, sem complementar que "isso se deve, em parte, às mudanças dos critérios do diagnóstico". O autismo ocupa hoje um epicentro de preocupações, e posso dizer, quase um pânico, seja nas famílias, nas escolas e na sociedade, após a legislação obrigar a inclusão das pessoas autistas.
Diante do caos geral, em todo o Brasil, a comunidade autista e os profissionais da área de saúde e educação se unem buscando construir um processo inclusivo. Foi com esse propósito, que nós, alunos e professores do curso de Psicologia do FBUNI, criamos a Liga Acadêmica de Neurodiversidade, Saúde e Educação. Além da produção científica sobre a temática, assumimos também a atuação em parceria, junto a instituições públicas e privadas, como escolas, órgãos públicos e associações beneficentes, promovendo a conscientização sobre o assunto.
Acredito que essas iniciativas dão passos firmes para melhorar o reconhecimento e o tratamento do autismo em crianças e adolescentes, além de investir na orientação de profissionais e demais pessoas interessadas acerca do autismo, reduzindo o preconceito e impulsionando políticas de cuidado e inclusão. n