O Brasil vive um momento peculiar em sua matriz energética: pela primeira vez, nos deparamos com o que parece ser um "excesso" de energia renovável, levando o governo a tomar uma decisão controversa de desligar geradores solares e eólicos. O que parece conflitar com os objetivos globais de sustentabilidade.
O argumento técnico apresentado para o desligamento dos geradores renováveis está relacionado à necessidade de equilibrar a rede elétrica. O sistema de transmissão tem limitações físicas que precisam ser respeitadas para garantir sua estabilidade; ou seja, por conta do excesso de energia gerado o sistema estaria em risco.
A questão gerou um embate judicial entre as companhias do setor energético e as autoridades. O segmento eólico argumenta que o impacto nas receitas ultrapassou R$ 1,7 bilhão; enquanto para o setor solar, os prejuízos estimados atingiram aproximadamente R$ 673,5 milhões.
O caso evidencia uma falha crítica no planejamento da infraestrutura de transmissão. O boom das energias renováveis, especialmente solar e eólica, não foi acompanhado pelo necessário desenvolvimento da rede de transmissão. O desligamento da rede não é apenas uma questão técnica, tem profundas implicações sociais e econômicas.
O cenário exige uma solução mais sofisticadas do que simplesmente interromper a geração de energia renovável. É fundamental expandir e modernizar a infraestrutura de transmissão com maior rapidez, ao mesmo tempo em que se deve investir no desenvolvimento de tecnologias mais eficientes para o armazenamento energético.
A transição energética não pode ser prejudicada por deficiências na infraestrutura. É crucial um planejamento energético mais integrado, que harmonize o avanço das energias renováveis com a modernização da rede de transmissão. O fortalecimento das fontes renováveis é crucial não apenas para a segurança energética, mas também para o cumprimento dos compromissos climáticos globais e a promoção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.