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Capitão Wagner: Violência que os números não contam
Opinião

Capitão Wagner: Violência que os números não contam

O Ceará virou laboratório do crime. Aqui, vimos nascer o novo cangaço, a ocupação de comunidades por facções que mandam mais do que o poder público, e os homicídios cada vez mais crueis. Enquanto isso, o governo se esconde atrás de números
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Capitão Wagner. Presidente do União Brasil no Ceará. (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Capitão Wagner. Presidente do União Brasil no Ceará.

O governo do Ceará divulgou, com entusiasmo, que os índices de violência caíram no primeiro quadrimestre de 2025. Mas pergunte ao cearense se ele realmente se sente seguro. Pergunte à mãe que teve o filho assassinado enquanto jogava bola, aos comerciantes extorquidos por facções, à família da mulher morta dentro de um ônibus, aos pais expulsos de casa, ou ao ex-secretário do governo assaltado a luz do dia. Há uma distância brutal entre a estatística do governo e a realidade vivida pela população.

O que o governo não fala é que cresce a subnotificação, o medo de denunciar, o número de crimes que sequer são investigados e sem falar nos verdadeiros chefes das facções que continuam soltos mesmo diante das operações midiáticas. Tudo isso alimenta um sistema onde o Estado se faz ausente e o crime ocupa o espaço.

O Ceará virou laboratório do crime. Aqui, vimos nascer o novo cangaço, a ocupação de comunidades por facções que mandam mais do que o poder público, e os homicídios cada vez mais crueis. Enquanto isso, o governo se esconde atrás de números, de rankings, de narrativas frias que não conseguem esconder o rastro de medo e sangue espalhado pelo Estado.

A omissão do governo Elmano chega a ser criminosa. Não há comando, não há prioridade, não há pulso. O pouco que se tenta fazer é anunciado com estardalhaço e morre na ineficiência. Te faço mais uma pergunta: quantas operações duraram? Uma Operação efetiva precisa ser feita até que o problema seja solucionado, mas o governador parece mais preocupado com sua imagem nas redes do que com a vida real do cearense que acorda com tiroteio na porta.

E aqui não falo só como político. Falo como alguém que já viveu, por anos, a rotina policial. Muito lutei por avanços e melhorias na tropa, mas hoje é notória a pouca valorização aos policiais, com condições de trabalho precárias, carga horária elevada e em desacordo com a lei, delegacias e distritos policiais caindo aos pedaços e até fardamentos em falta. O discurso escrito por seu marketeiro não põe medo aos bandidos.

Não adianta o governo petista fazer coletiva de imprensa, anunciar metas, criar operação com nome bonito e slogan de marketing. O que a população quer e precisa urgentemente é de resultado. É preciso polícia na rua, mas nem viaturas estamos tendo, já que o contrato com a empresa fornecedora não foi renovado e temos vários carros quebrados e parados. É preciso inteligência contra o crime, mas são os bandidos que têm sistema de monitoramento nas ruas. É preciso ação, mas o que temos visto são pacotes vazios com objetivo eleitoreiro.

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