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Renata Marinho Paz: Festas no Cariri, entre a tradição e o massivo
Opinião

Renata Marinho Paz: Festas no Cariri, entre a tradição e o massivo

Ao longo dos treze dias, Barbalha deve atrair cerca de meio milhão de pessoas. Além de ser um momento ímpar de expressão das singularidades da cultura local, o festejo se destaca em termos da movimentação da economia local
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Renata Marinho Paz

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Os ventos frescos que têm soprado nas noites do Cariri são o prenúncio da chegada do período mais esperado do ano: o tempo dos festejos! Santo Antônio, São João, Expocrato, entre outras, animam o calendário desta região que é tão conhecida pela riqueza de suas festas e de sua cultura popular.
A quase centenária festa de Santo Antônio em Barbalha já começou. O imenso Jatobá que se tornará o mastro da bandeira do santo já descansa na cama do pau, aguardando o dia de penetrar espetacularmente as ruas da cidade, levado nos braços da multidão de carregadores.

Ao longo dos treze dias de festa, Barbalha deve atrair cerca de meio milhão de pessoas da região e de outros estados. Além de ser um momento ímpar de expressão das singularidades da cultura local, o festejo se destaca em termos da movimentação da economia local. A expectativa para este ano é um aumento de até 60% na demanda de produtos e serviços nos setores de hotelaria, comércio, alimentação e transporte.

A festa tem um diferencial que considero admirável: é grande - há quem diga que se trata da maior festa do estado, mas consegue manter seus traços. A festa é uma dimensão essencial na vida de um povo. A festa de Barbalha, especialmente, pode ser considerada como um Fato Social Total, por envolver diversos aspectos: ritos, sociabilidades, política, economia, etc. se entrecruzam, e fazem com que ela nunca seja igual porque se mantém em curso, num movimento vivo e constante de apropriações e reapropriações. Mas, ainda assim, consegue perpetuar a sua identidade.

Crato poderia se espelhar em Barbalha e redimensionar a Expocrato, que se tornou mais do mesmo - virou uma dessas festas massivas, iguais a tantas outras, com "espaços vip", "camarotes premium" e programação de shows meio duvidosa. É verdade que o povo comparece, a economia se movimenta e a cidade ganha outra cara durante os dias de festa. Mas, com tanta riqueza e tanta diversidade cultural, a Princesa do Cariri poderia, sim, fazer diferente. A pergunta que fica é: a quem interessa a realização desta festa nesses moldes?

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