Recentemente, foi veiculada, em diversos meios de comunicação, a queda acentuada na formação de engenheiros nos últimos dez anos no Brasil. Além de ser um fato preocupante para o futuro do nosso País, comparando esse fenômeno, por exemplo, com a China e com a Coreia do Sul, essa tendência tem-se mostrado inversa ao que esses dois países estão incentivando internamente.
Não quero me limitar, como muitos brasileiros, a lamentar a suposta inferioridade de nossos produtos em comparação aos de outros países ou a justificar esse cenário atribuindo aos orientais uma inteligência superior, como se nos restasse apenas aceitar e consumir o que eles produzem. Afinal, será que realmente não temos profissionais competentes no Brasil?
Nos anos 1960, a Coreia era um país sem engenheiros, sem produção industrial e com renda per capita inferior ao Brasil. Por outro lado, nessa mesma época, já produzíamos até automóveis. Geladeiras? Também. E a Coreia? Sua economia era, prioritariamente, agrícola. Automóveis? Não produzia. Geladeiras? Também não.
E a China? Era semelhante à Coreia, todavia somente até os anos 1980. A partir dessa década, iniciou-se em diversos países um movimento de formação de engenheiros. A China, por sua vez, adotou uma estratégia específica: enviar seus estudantes para as melhores universidades do exterior, trazê-los de volta ao país e integrá-los às indústrias estrangeiras instaladas em território chinês, em parceria com sócios locais. Poucos anos depois, o governo chinês mapeou quais eram as universidades cujos engenheiros formados mais se destacavam em conhecimentos no exercício da profissão.
Após essa etapa, os chineses convidaram as universidades mais bem avaliadas para abrir campi em seu país, firmando parcerias para a formação de professores chineses no país de origem dessas instituições como parte do acordo acadêmico. Passados cerca de 20 anos, os chineses fundaram as próprias universidades para formar seus engenheiros. Atualmente, tanto as fábricas quanto as universidades operam sem parceiros estrangeiros. Esse é o resultado de uma estratégia baseada em sabedoria e investimentos de longo prazo.
Sendo o Brasil conhecido como o País do futebol, imaginei que, ao menos nessa área, não ficaríamos para trás, como já ocorre na engenharia. Que engano! O cargo mais alto e de maior conhecimento do futebol foi passado para um estrangeiro. O maior salário do Brasil, o de técnico da seleção brasileira, não estava à altura de um profissional nacional. Será assim que o Brasil vai se desenvolver? Não há profissionais qualificados nem naquilo pelo que somos "reconhecidos" no mundo. Imagine na área da tecnologia, que não tem Copa do Mundo para avaliar quem tem o melhor time.