A Universidade Federal do Ceará (UFC) oferta mais de 100 cursos de graduação entre seus oito Campi distribuídos entre a capital e o interior do Estado. No campus do Pici em Fortaleza, dentre os demais cursos, a UFC tem a graduação em Ciências Biológicas, Biotecnologia, Economia Ecológica, Geografia, Agronomia, Engenharia de Pesca, Engenharia Ambiental, todos estes lidando parcialmente ou integralmente com assuntos ambientais.
Estes cursos, apresentam em seu corpo docente professores renomados nacionalmente e internacionalmente em temas como recuperação ambiental, flora e fauna, manejo do solo, arborização urbana, saneamento básico, economia circular, todos temas problemáticos no campus do Pici em Fortaleza. Como o próprio ditado diz, casa de ferreiro, espeto de pau.
Apesar dos avanços com a criação da secretaria de Meio Ambiente da UFC (SMAUFC), essa temática ainda figura como um calcanhar de Aquiles para a gestão da UFC. Para comprovação, basta o leitor circular no campus do Pici que irá notar como a parte ambiental precisa ser mais bem cuidada.
Pois bem, como uma universidade com diversos cursos na área ambiental e professores especialistas na área não apresenta uma política de separação de resíduos e coleta seletiva eficiente? Como uma universidade com professoras conhecedoras da flora nativa do Estado ainda faça plantio de espécies exóticas na ARIE da Matinha do Pici? Como uma universidade com especialistas em ecossistemas aquáticos ainda faz a retirada de macrófitas aquáticas sem sequer deter a contaminação por esgotamento sanitário no Açude Santo Anastácio (ou ao menos cobrar dos órgãos competentes)? Como em pleno 2025 uma universidade presente no ranking das mais importantes do mundo ainda trata a parte ambiental com negligência?
A criação da SMAUFC é um marco importante para a gestão ambiental da UFC, mas precisa dialogar com os especialistas de dentro da própria universidade a fim de evitar ações precipitadas. Numerosos professores dentro de suas respectivas áreas da UFC, além de colaboradores externos, estão disponíveis para contribuir conjuntamente com a SMAUFC no desenvolvimento de ações visando a melhoria do manejo ambiental do campus do Pici.
No entanto, para isso ocorrer, a SMAUFC deve realizar o contato com esses agentes a afim de desenvolver políticas de gestão adequada para a realidade do Pici ou de outro campus, e o mais importante, executar tais ações. O conhecimento gerado pela Universidade pode e deve ser empregado, então, por que não começar implantando todo esse conhecimento na própria Universidade? Por que não transformar os campi da UFC em paisagens modelos em relação à gestão ambiental? Santo de casa pode fazer milagre sim!