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Joaquim Cartaxo: Conhecimento: razão e experiência
Opinião

Joaquim Cartaxo: Conhecimento: razão e experiência

Perguntei à IA qual a função da teoria naquela inteligência. A IA retornou: a teoria organiza o conhecimento. Permite comparação, cria modelos, aponta relações
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Joaquim Cartaxo

Articulista

Cursar doutorado requer analisar e organizar informações para a pesquisa. Na busca de temas afins a meu estudo, deparei-me com a Teoria Geral do Conhecimento, de Johannes Hessen. Nos tempos de graduação e mestrado, quando as coisas não estavam bem compreendidas, eu me valia do livro. Ler esta obra me desanuviava.

Retirei-o da estante, folheei-o e anotei: o escrito, de 1925, é arma mortal contra o negacionismo e o terraplanismo que acentuam a crise de imaginação em que vivemos. Com ele, rememorei que a origem do conhecimento está na razão, o conhecimento espiritual, e na experiência, o conhecimento sensível.

Há quem defenda a razão como única base do conhecimento; os que creem que é a experiência; e aqueles para quem o conhecimento resulta da união das duas variáveis. A discussão gera "ismos" diversos sobre sua origem e essência.

Inspirado nesta reflexão, indaguei à IA sobre a inteligência da experiência. A resposta: a inteligência da experiência nasce do contato direto com a realidade.

Surge no enfrentamento de situações concretas, no acúmulo de vivências, na repetição de processos, na análise de consequências. Ao passar por eventos reais, o indivíduo registra caminhos, reconhece padrões, compreende limites. O que se forma não é um saber ideal, mas um saber útil.

Perguntei à IA qual a função da teoria naquela inteligência. A IA retornou: a teoria organiza o conhecimento. Permite comparação, cria modelos, aponta relações. A teoria não nega a prática. Conecta fatos, sustenta análises. A experiência sem teoria corre o risco do isolamento, fica presa ao caso, longe do problema. A inteligência que combina as duas pensa com rigor, age com sentido. A teoria permite que o sujeito revise a própria prática. Mantém o aprendizado em movimento.

Por certo, a IA aprendeu com Hessen. Este diálogo reflete como competências informacionais, tecnologias e práticas digitais organizam, processam e comunicam o conhecimento, produzido na reinterpretação dos ciclos históricos sob a tensão entre permanência e mudança, debatida desde os pré-socráticos. O que fazer? Sigo Edgar Morin: reaprender, alterar o pensamento sobre razão e experiência na contemporaneidade.

 

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