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Investimentos na saúde ou na doença?
Opinião

Investimentos na saúde ou na doença?

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Parece paradoxal: quanto mais falamos em saúde, mais nossa atenção se volta para as doenças. O setor da saúde é um universo de investimentos massivos, englobando áreas que vão da Inteligência Artificial a equipamentos de ponta para detecção precoce de problemas, vacinas e medicamentos. Esse mercado bilionário movimenta atividades expressivas da economia, impulsionando um vasto leque de pesquisas.

No Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são quase meio trilhão de recursos envolvidos. Há uma percepção do crescimento contínuo do setor, no qual a saúde privada tem participação representativa, correspondendo a R$180 bilhões apenas em planos de saúde e tratamentos, e a R$168,3 bilhões em medicamentos.

Durante a feira Hospitalar 2025, em São Paulo, tivemos noção mais concreta desse mercado bilionário. Com mais de 80 mil participantes de 55 países, empresas disputavam o mercado com inovações e produtos. A maioria das soluções direcionada para o diagnóstico precoce de doenças e possíveis tratamentos de menor impacto para o paciente, algo positivo do ponto de vista da infraestrutura da rede pública e privada de assistência à saúde.

O fato é que existe uma indústria bilionária voltada para os tratamentos e para a detecção precoce de doenças, mas os esforços para a prevenção primária ainda são limitados. Embora a cultura do bem-estar esteja em alta, com propostas de desaceleração do ritmo de vida e ênfase na importância das atividades físicas, ainda é necessário um trabalho maior para disseminar uma medicina preventiva pela melhoria de hábitos.

Ou seja: o trabalho da equipe de saúde precisa priorizar a conscientização das pessoas para que se mantenham saudáveis. Ações de prevenção não são a mesma coisa que diagnóstico precoce, embora ambas sejam igualmente importantes.

Precisamos ter consciência para não ativar "bombas-relógio" em nosso corpo e, assim, buscar uma vida com mais qualidade. Essa discussão não é nova. Em 1986, já existiam acordos internacionais para criar ambientes favoráveis à saúde, com uma abordagem socioecológica e foco na preservação dos recursos naturais. Infelizmente, muitas dessas propostas ficaram apenas no discurso. E o resultado, apesar do aumento da longevidade, está no número de doenças evitáveis que continua crescendo. n

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