As lembranças envolvem sentimentos diversificados e, dependendo do momento, ao qual nos detemos, elevam ou maltratam. Quando vêm carregadas de saudades, este complexo sentir, pode ser um misto de melancolia, nostalgia, e se manifesta pela ausência de alguém ou de algo, nos deixa com uma dolorosa sensação de falta, com vontade de se apossar e viver novamente o que já não é pertencimento. Aí sofremos, choramos e nos sentimos impotentes. Mas, também, a lembrança em forma de saudade dos bons momentos nos dá satisfação por ter vivido ou possuído o objeto, agora, já ausente daquela emoção.
O passado, através das nossas lembranças, sempre volta. Para uns, mais, e outros, menos, vai depender de cada pessoa. Vivo o presente com alegria, com vontade de ser e fazer bem aos que me rodeiam, aproveitando cada momento em algo proveitoso. De repente, pode até ser bom o não fazer nada. Mas costumo dizer que parte de mim é agora saudade, momento crônico se acentua com o passar do tempo, diante de perdas e inevitáveis acontecimentos. A sabedoria de aceitar a dor do inevitável é necessária. E, de repente, cantamos aquele trecho da canção: "Das lembranças que eu trago na vida/ Você é a saudade que eu gosto de ter/ Só assim sinto você bem perto de mim/ Outra vez".
Esse embate com nós mesmos entre atitudes, dúvidas, vivências, emoções, é justamente o que nos faz caminhar. É a vida pulsante em cada ser tentando trazer à tona o sentido do que somos e a consciência do viver como um aprendizado constante.
Eis que rompe a primavera, ou o outono, ou o verão, ou a chuva, cada um deles são bençãos, cor, luz, fruto e banho para a alma e ânimo para nossos dias. E nos tornamos renovados diante de cada estação, de cada momento que nos faz pulsar e entender com gratidão o quão bom é viver.