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O Evangelho segundo Trump e seus discípulos tropicais
Opinião

O Evangelho segundo Trump e seus discípulos tropicais

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Vivemos tempos em que fanatismos viraram fé e farsas viraram doutrina. Donald Trump foi promovido, por aqui, a guia espiritual da direita tropical. Seus seguidores brasileiros não apenas repetem seus discursos; copiam seus gestos, seus bordões e até seus delírios persecutórios.

Agora, senadores trumpistas ameaçam sancionar o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de "violar direitos humanos" por processar Jair Bolsonaro. Esquecem — ou fingem esquecer — que o ex-presidente responde por tentativa de golpe, fraude vacinal, uso político das Forças Armadas e mais. Para essa seita, golpista é patriota, e quem defende a Constituição é um tirano.

Aqui, o bolsonarismo virou religião de conveniência. Seus dogmas são claros: negar a ciência, demonizar minorias, batizar e educar bonecas "reborn" e desejar a morte do Papa Francisco por ele ter falado de paz e justiça social. O tripé é sagrado: Deus, Pátria e Fuzil. Trump, o pai; Bolsonaro, o filho; e a desinformação, o espírito santo.

Esses devotos distorcem tudo: combater fake news é censura; punir crimes, perseguição; defender a democracia, ditadura. Vestem verde e amarelo, mas torcem por sanções de Washington contra o Brasil, desde que isso salve seu "messias".

Enquanto isso, a realidade sangra: indígenas são assassinados, jornalistas são ameaçados, e famílias brasileiras enfrentam fome, desemprego e desesperança. Nada disso comove os profetas da moral armada. O foco está em "derrubar o sistema", desde que a queda não atinja seus privilégios.

É preciso resistir. Com lucidez, com coragem, com humanidade. Soberania não se defende em motociata, nem se vende em dancinha de TikTok. Fé não se mede por curtidas, nem por ódio em nome de Deus.

Democracia exige razão. E a razão, hoje, está em falta no altar dessa cruzada tropical.

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