A Confederação Israelita do Brasil (Conib) manifesta perplexidade e repúdio diante do artigo publicado neste jornal, que ultrapassa todos os limites da crítica legítima e se inscreve no campo do revisionismo histórico, do negacionismo político e do discurso de ódio.
Afirmações como “a criação do Estado de Israel é o erro mais brutal das Nações Unidas” ou “Israel não é um Estado real, mas um projeto militar colonial ancorado em uma ideologia racista” não apenas ignoram os fatos fundamentais da história contemporânea — incluindo a resolução 181da própria ONU, que reconheceu o direito de judeus e árabes à autodeterminação — como também negam o direito de existência do único Estado judeu do mundo, onde vivem hoje mais de 9 milhões de pessoas, entre elas mais de 2 milhões de cidadãos árabes com direitos civis plenos.
A linguagem utilizada, marcada por termos como “genocídio”, “projeto colonial”, “limpeza étnica”, é uma caricatura cruel e intelectualizada do antissemitismo de sempre, agora disfarçado sob o manto de causas nobres. Ao confundir ideologia com identidade, o texto demoniza não um governo ou uma política, mas um povo inteiro. Isso é inaceitável.
Israel é uma democracia vibrante, com Judiciário independente, eleições livres, imprensa crítica e ampla diversidade política, religiosa e cultural. O país enfrenta desafios complexos, em um cenário de guerra imposto por um grupo terrorista — o Hamas — que usa civis como escudo e nega o direito de Israel existir. Mas isso não pode servir de justificativa para inverter vítimas e algozes, nem para difundir desinformação ou ódio.
A Conib reafirma seu compromisso com a paz, a convivência e o diálogo. E espera que os meios de comunicação, especialmente os que se consideram referências éticas e jornalísticas, saibam distinguir entre crítica legítima e discurso de desumanização.
Agradecemos ao jornal por abrir espaço ao contraditório. Em tempos de polarização e narrativas radicais, garantir vozes plurais é um serviço ao jornalismo e à democracia.
Não há justiça possível quando se deslegitima o direito de um povo existir.
*(Colaborou com o texto Ireland Oliveira, presidente da Sociedade Israelita do Ceará)