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Entre Teerã e Tel Aviv: o mundo no fio da navalha
Opinião

Entre Teerã e Tel Aviv: o mundo no fio da navalha

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A escalada das tensões entre Israel e Irã, agravada por ataques diretos e retaliações em solo estrangeiro, representa mais do que um embate regional. Trata-se de um jogo perigoso cujas repercussões atravessam fronteiras, testam a diplomacia internacional e arrastam o mundo para a beira de um confronto de proporções imprevisíveis.

De um lado, Israel insiste em seu direito de se defender contra ameaças existenciais, especialmente quando essas ameaças vêm do Irã, um país que por décadas financiou milícias hostis, como o Hezbollah e o Hamas, e desenvolve um programa nuclear cercado de desconfianças. De outro, o Irã se vê como potência regional desafiando o que chama de imperialismo israelense e ocidental, operando por meio de uma rede de aliados e grupos armados que espalham sua influência do Líbano ao Iêmen.

O recente ataque direto do Irã ao território israelense, seguido por uma retaliação rápida e precisa de Tel Aviv, marca uma mudança no padrão do conflito. O que antes se dava nas sombras ou por intermediários agora ganha contornos explícitos e perigosamente simbólicos. Ambos os países apostam na dissuasão, mas flertam com o abismo.

A comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, caminha sobre ovos. A condenação de um lado e o apelo por contenção do outro revelam o dilema moral e estratégico de quem tenta equilibrar princípios com interesses. Enquanto isso, a ONU permanece paralisada diante de vetos e impasses, sem meios efetivos de conter a tensão.

No fundo, o conflito entre Israel e Irã expõe a falência de um sistema internacional incapaz de lidar com disputas de longa duração e com atores dispostos a arriscar tudo em nome de hegemonia, sobrevivência ou orgulho nacional. O mundo observa, apreensivo, torcendo para que o fio da navalha não se rompa. Porque, se isso acontecer, não serão apenas Tel Aviv ou Teerã que arderão. Todos nós sentiremos o calor.

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