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Saraiva Júnior: O arco sem flecha
Opinião

Saraiva Júnior: O arco sem flecha

O arco da aliança governista parece não perceber que a proliferação das igrejas neopentecostais nos bairros pobres beneficia a extrema direita. E o que os políticos da aliança fazem? Visitam os bairros apenas no período eleitoral
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Saraiva Júnior

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O arco da aliança política liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará visa as eleições de 2026 para presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais. Em nome desse arco de aliança inclui-se até a turma da extrema direita na vã ilusão de que os batizados de neoliberais estejam com o PT. Quem acredita que esses políticos direitistas estarão com o PT na próxima eleição?

Para o atual arco de aliança, o que importa é a permanência no poder, embora careça de um projeto estrutural que aponte mudanças significativas. Para tanto, entender a política exige a leitura das pesquisas. Por exemplo, se a questão do meio ambiente, antes defendida com garra pelo PT, não é uma preocupação do povo, especialmente das classes pobres, e não se traduz em votos, não tem por que o arco da aliança se preocupar tanto com o meio ambiente.

Ora, se as pessoas não têm a (devida) informação de que o ano de 2024 foi o mais quente já registrado, com temperatura média global de 1,55°C, também não vai acreditar em possíveis condições climáticas extremas e devastadoras com o derretimento do gelo e o aumento do nível do mar. A discussão de níveis recordes de gases de efeito estufa devido às atividades humanas talvez seja conversa fiada. Já que a maioria das pessoas é desinformada mesmo, é melhor calar a boca de alguns ambientalistas, dando-lhes cargos de confiança.

Doutra, o arco da aliança parece não perceber que a proliferação das igrejas neopentecostais nos bairros pobres beneficia a extrema direita. E o que os políticos do arco da aliança fazem? Visitam os bairros apenas no período eleitoral. E o que fazem os diretórios municipais do PT? Absolutamente nada! Sem militância organizada e sem discussões sobre moradia, trabalho, saúde, segurança, dentre outras questões, deixa a população à mercê do fanatismo religioso.

Os políticos incrustados no arco da aliança acreditam na entrega assistencialista de suas administrações como moeda de troca pelo voto. Não se preocupam sequer com a eleição de deputados federais ou estaduais, bastam os atuais, é o suficiente para manter acesa a chama da democracia. A esquerda quer que o povão salve a democracia muito mais pelo emocional do que pela consciência. Falta flecha para atingir um alvo crível.

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