Nesse início de junho, Juazeiro do Norte vivenciou um marco histórico de dimensões imensuráveis: o encerramento do processo diocesano para a beatificação do Padre Cícero Romão Batista, hoje Servo de Deus pela Igreja Católica. O ato, realizado na Basílica de Nossa Senhora das Dores, é mais do que um rito da Igreja. É o reconhecimento formal de uma jornada de fé que moldou não apenas a espiritualidade do povo nordestino, mas também os alicerces da cidade que, hoje, tenho a honra de governar.
Padre Cícero não foi apenas o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, foi o responsável por transformar uma vila esquecida, no Cariri cearense, em um dos mais notáveis polos de desenvolvimento urbano, econômico e cultural do interior nordestino. Quando chegou à região, no fim do século XIX, Juazeiro era apenas um povoado. Sob sua liderança política e espiritual, tornou-se um refúgio para os que buscavam dignidade, trabalho e fé. Como ele mesmo falou: “um refúgio para os náufragos da vida”.
A figura de Padre Cícero transcende os limites da religião. Seu legado é multifacetado: visionário, articulador político, defensor dos pobres e guardião das tradições do povo sertanejo. Foi graças à sua capacidade de organização e de mobilização social que Juazeiro do Norte se consolidou como centro de romarias, de comércio e de resistência. O chamado “milagre da hóstia” pode dividir interpretações, mas a fé que ele despertou uniu multidões e continua movimentando esta metrópole ainda hoje.
Ao caminhar pelas ruas da cidade, é impossível não perceber a força de sua presença. Não há economia em Juazeiro do Norte sem romaria. Não há identidade juazeirense sem a lembrança de seu Padim. E é por isso que este momento, de encerramento da fase diocesana do processo de beatificação, deve ser celebrado como mais um passo no caminho da justiça histórica e da reparação simbólica.
Como prefeito, tenho me empenhado em preparar nossa cidade para o que está por vir. O reconhecimento oficial da santidade de Padre Cícero não trará apenas prestígio espiritual. Trará também desafios e oportunidades. O turismo religioso, que já movimenta milhões de pessoas e dividendos por ano, terá um impulso ainda maior. Diante disso, teremos a missão de cuidar dessa herança com zelo, respeitando seu significado e seu povo.
O Juazeiro que Padre Cícero ajudou a erguer está cada vez mais firme e em constante evolução. Ele plantou as sementes. A nós, cabe cuidar da colheita. Que ela seja, como ele sonhou, cheia de fé, justiça e prosperidade!