A Academia Cearense de Teatro celebra o primeiro ano de criação. Mais que uma instituição, é um gesto, uma afirmação, um aplauso em forma de projeto. É o reconhecimento de que o teatro cearense, com sua história, seus sotaques múltiplos, sua resistência, merece um espaço para a memória, o pensamento e a consagração de quem constroi a cultura deste Estado.
Fundar uma academia de teatro é reconhecer que essa arte possui uma complexidade e uma densidade que exigem estudo, pesquisa, memória e diálogo permanente. É afirmar que o teatro é um dos pilares mais antigos e mais resistentes da cultura.
Ao longo da história, o Brasil viu surgir academias - de letras, de ciências, de artes, de medicina, de direito. Mas nunca uma voltada exclusivamente para o teatro. E foi aqui, neste solo fértil e inquieto que é o Ceará, que essa lacuna começou a ser preenchida. Sua criação é um gesto inaugural que carrega a beleza da ousadia.
Nasce como espaço de escuta e de convergência. Como lugar de celebração da diversidade estética, da riqueza das trajetórias, da multiplicidade dos territórios cênicos que compõem o Ceará. Nasce com o compromisso de preservar a memória dos que chegaram antes e de apontar para o futuro, para novas formas de fazer, para novas formas de pensar, para novas vozes que virão. Não se cria uma academia do nada. É preciso chão, é preciso tempo, é preciso acúmulo. E o Ceará tem esse acervo.
O teatro cearense é múltiplo, é irreverente, é político, é poético, é de grupo, é de guerrilha, é de salão, de escola, de beco, de festival. E o que mais impressiona é sua resiliência. Como o mandacaru que abriga o chão seco, o teatro do Ceará brota, insiste e floresce.
O teatro é a linguagem da esperança, que é escolha política e estética. Para tanto, ele precisa de políticas públicas, de editais, de fomento, de formação continuada, de descentralização de recursos, de visibilidade. Nesse sentido, a sessão solene, por iniciativa do deputado Heitor Férrer, na Alece, no dia 23 de abril de 2025, é uma forma de dizer: o teatro importa. O teatro merece. Viva o teatro cearense.