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Edilberto Pontes Lima: Fortaleza precisa cuidar melhor da sua entrada
Opinião

Edilberto Pontes Lima: Fortaleza precisa cuidar melhor da sua entrada

Além do abandono verde, chama atenção no trajeto entre o aeroporto de Fortaleza e os hotéis o surgimento recente de ocupações irregulares nas imediações, revelando desafios sociais e urbanísticos que demandam respostas inteligentes, respeitosas e integradas
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Edilberto Pontes Lima

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Como sabemos, Fortaleza é uma cidade com vocação turística evidente - pelo mar, pelo sol, pela cultura. Mas a experiência de quem chega à capital cearense pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins revela um contraste doloroso com essa vocação.

Logo na saída do terminal, o que se vê é o mato crescendo desordenadamente nos canteiros e margens da via. No retorno do aeroporto, a situação se repete: vegetação alta, sujeira, ausência de projeto paisagístico. O percurso até os hotéis, que deveria ser o cartão de visitas de Fortaleza, comunica desleixo. A cidade parece não se importar com a primeira impressão que oferece a seus visitantes - e, mais grave ainda, a seus próprios cidadãos.

Além do abandono verde, chama atenção o surgimento recente de ocupações irregulares nas imediações, revelando desafios sociais e urbanísticos que demandam respostas inteligentes, respeitosas e integradas. Não se trata apenas de estética, mas de planejamento, dignidade e visão de futuro.

Como lembrou o jornalista e urbanista Raul Juste Lores em recente palestra, "o paisagismo não é luxo: é infraestrutura básica para cidades civilizadas". Cuidar do espaço urbano é sinal de respeito com todos. Árvores bem escolhidas, calçadas acessíveis, grama aparada, flores no lugar certo - tudo isso transforma o humor coletivo e melhora a imagem da cidade.

Fortaleza merece - e pode - mais. Não faltam técnicos qualificados, projetos bem elaborados, nem referências de boas práticas nacionais e internacionais. Faltam, talvez, coordenação entre os órgãos, continuidade nas ações e prioridade política para temas que nem sempre ganham manchetes, mas que tocam a vida de quem caminha, pedala ou apenas observa pela janela do carro.

É possível recuperar áreas como a Praça das Flores e a Praça Portugal, por exemplo, que há alguns anos eram belas e convidativas, qualificando esses espaços com manutenção em dia, arte e segurança. É possível criar um corredor paisagístico desde o aeroporto até a orla, valorizando o trajeto e, com ele, a autoestima urbana. E isso dever-se disseminar por toda a cidade. Fortaleza que encanta com seu povo, sua culinária e seu litoral precisa também encantar com seus cuidados.

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