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Marcondes Ribeiro Lima: Saneamento no Brasil e o desafio dos sem banheiro
Opinião

Marcondes Ribeiro Lima: Saneamento no Brasil e o desafio dos sem banheiro

O saneamento básico deve ser visto como uma prioridade e não mais como uma promessa distante. O enfrentamento da desigualdade sanitária é um compromisso que requer vontade política e engajamento coletivo
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Marcondes Ribeiro Lima

Diretor-presidente do Instituto Sisar (Sistema Integrado de Saneamento Rural)

A realidade sanitária de milhões de brasileiros expõe uma ferida aberta no contexto social do país. Apesar dos avanços no acesso ao saneamento básico, muitos ainda vivem em condições precárias, especialmente na zona rural. A ausência de banheiros nas residências simboliza essa desigualdade histórica.

A falta de acesso a banheiros não é apenas uma questão de conforto, mas de saúde pública e dignidade humana. Sem estruturas adequadas, populações inteiras utilizam ambientes improvisados, aumentando o risco de doenças hídricas, como diarreias, parasitoses e infecções intestinais, que afetam principalmente crianças e idosos, os mais vulneráveis.

Segundo o IBGE, comunidades rurais do Norte e Nordeste são as mais atingidas, refletindo uma desigualdade histórica no desenvolvimento regional. Muitas famílias vivem sem banheiro e recorrem à defecação a céu aberto, prática que contamina o meio ambiente e os recursos hídricos. Esse cenário tem impacto social, ambiental e econômico, aumentando os custos de saúde pública e limitando o desenvolvimento humano.

No Ceará, o governo estadual, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e da Secretaria das Cidades, tem promovido políticas públicas para ampliar o acesso ao saneamento. Fortalecer essas políticas e ampliar a participação social nas decisões são passos essenciais para reduzir as desigualdades e promover justiça social.

O Modelo de Gestão SISAR se destaca na universalização do saneamento rural, operando mais de 1.450 sistemas de abastecimento de água em 2.300 localidades no Ceará. Com foco na participação comunitária e na gestão compartilhada, o modelo oferece uma solução viável e de baixo custo. Iniciando no ano de 2015, a gestão do esgotamento sanitário na comunidade de Capitão Mor, no município de Pedra Branca. Garantir o acesso a banheiros é garantir dignidade, saúde e justiça social.

O saneamento básico deve ser visto como uma prioridade e não mais como uma promessa distante. O enfrentamento da desigualdade sanitária é um compromisso que requer vontade política e engajamento coletivo. Enquanto isso não ocorre, milhares de Brasileiros seguirão sofrendo as consequências de uma omissão que precisa, urgentemente, ser superada.

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