A palavra de ordem "No Kings" mobiliza milhões de pessoas nos protestos contra Trump em mais de 2 mil cidades dos Estados Unidos no sábado 14 de junho. Um contraponto à inédita parada militar para comemorar os 250 anos do Exército e os 79 anos do déspota, na data em que se celebra o Dia da Bandeira.
Tais confrontos, motivados pela violação dos direitos civis pelo atual governo, cuja meta é expulsar 3 mil imigrantes diariamente, provocam reações das comunidades contra essa política aterrorizante. O Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) persegue nas ruas, postos de trabalho, igrejas e escolas a quem não é branco, efetuando prisões seguidas de deportação.
Nesse mesmo sábado, acontecem os atentados contra congressistas democratas em Minnesota: a deputada Melissa Hortman e seu marido são assassinados em casa, após a tentativa fracassada de morte do senador John Hoffman e sua esposa. Os crimes, praticados por funcionário de uma empresa de segurança, usando farda e uma viatura da polícia, são um caso de "violência política direcionada", afirma Tim Walz, governador do estado e que concorreu à vice-presidência pelo Partido Democrata nas eleições de novembro de 2024.
Um breve retrospecto ajuda a entender o significado das ocorrências simultâneas em um momento de acirramento da tensão entre cidadãos e a gestão republicana. Líderes políticos em todo país são alvo de ameaças, a exemplo do governador democrata da Califórnia. Após o presidente Donald Trump deslocar a Guarda Nacional para Los Angeles, em 8 de junho, Gavin Newsom denuncia publicamente o envio ilegal de tropas militares contra as legítimas manifestações na cidade, classificando a medida como "ato de um ditador".
20 de março: Trump assina ordem para fechar o Departamento de Educação e demite 50% dos funcionários, alegando que os EUA gastam muito com educação, mas aparecem em posições pouco privilegiadas em rankings internacionais.
27 de maio: O Departamento de Estado determina que embaixadas e consulados em todo o mundo suspendam entrevistas para vistos de estudante, em continuidade a medidas recentes relacionadas a um suposto antissemitismo na Universidade Harvard.
9 de junho: O Secretário de Saúde e Serviços Humanos desfaz o Comitê Consultivo para Práticas de Imunização, composto por 17 especialistas assessores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
11 de junho: Na página oficial da Casa Branca, é publicado um poster com os dizeres "Ajude seu país e a si mesmo. Delate todos os invasores estrangeiros".
À semelhança da propaganda de regimes totalitários, Trump desencadeia uma campanha para incentivar cidadãos americanos e estrangeiros a denunciar vizinhos, companheiros de trabalho e imigrantes sem documentos. No dia 16 de junho, em um gesto raro e de forte repercussão, o governo dos EUA é acusado, pelo alto comissário da ONU para Direitos Humanos, de práticas de prisão e deportação em massa, além do uso de militares para conter manifestações pacíficas.