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Quando os papéis se invertem: os desafios de cuidar dos pais
Opinião

Quando os papéis se invertem: os desafios de cuidar dos pais

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Chega um momento da vida em que os papéis entre pais e filhos se invertem. Aqueles que um dia nos guiaram, protegeram e ensinaram a caminhar, passam a precisar da nossa ajuda para seguir em frente. Cuidar dos pais na velhice é uma experiência carregada de amor, mas também de angústias, dúvidas e enormes desafios práticos e emocionais.

Um dos principais desafios está no impacto emocional dessa transição. Ver os pais envelhecerem, adoecerem ou perderem autonomia pode gerar sentimentos contraditórios: compaixão, tristeza, culpa, frustração. Muitos filhos enfrentam o luto antecipado — uma dor silenciosa por perceber que aqueles que eram figuras de força e referência já não conseguem mais manter o mesmo papel.

Do ponto de vista prático, o cuidado também envolve obstáculos significativos. Adaptar a casa, administrar remédios, acompanhar consultas, lidar com questões legais e financeiras, entender os direitos e deveres no sistema de saúde e, muitas vezes, tomar decisões difíceis em nome deles. E tudo isso, na maioria das vezes, sem preparo prévio. A ausência de políticas públicas eficazes para o envelhecimento e de redes de apoio estruturadas torna o processo ainda mais pesado, especialmente para quem precisa conciliar o cuidado com as exigências do trabalho e da criação dos filhos.

Cuidar dos pais é, acima de tudo, um ato de amor. Mas para que esse gesto não se transforme em sofrimento silencioso, é preciso abrir espaços de escuta, criar redes de apoio, dividir responsabilidades e buscar informação. O cuidado precisa ser compartilhado e sustentado por políticas que valorizem a dignidade de quem envelhece e de quem cuida. Afinal, mais cedo ou mais tarde, todos estaremos de um lado ou de outro dessa equação.

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