Completei dois anos de trabalho na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Como Diretor de Fundos Investimentos, tenho o dever de acompanhar aquilo que me é fundamental: o desenvolvimento da minha região.
Além do privilégio de trabalhar com o que amo, aprendo com intensidade a respeito do labirinto que se formou historicamente, e que atrapalhou muito o crescimento sustentável do Ceará. Algo que lutamos para resolver todo dia.
Mas para chegar aqui, há uma trajetória. Acompanhei in loco a crise do subprime americano em 2008; fui gerente de banco no interior da Inglaterra aprendendo sobre culturas e finanças; andei a pé grande parte do oriente médio observando a vastidão do mundo. Para um jovem nascido em Juazeiro do Norte e criado no Iguatu, não é pouca coisa. Aprendi que oportunidade é a centelha da vida.
Investir no Nordeste é fundamentalmente investir em gente. Porque, para andar onde andei, precisou que alguém acreditasse em mim. Precisou que um homem, um porteiro, simples e bondoso, me indicasse um caminho por meio do qual eu conquistaria uma bolsa de estudos e pudesse morar e estudar no exterior, dando origem a muito aprendizado. Esse é o resumo de uma trajetória maior, que indica o que aqui quero registrar: é preciso qualificar gente.
A Sudene foi promulgada por Juscelino Kubitschek, e teve como primeiro superintendente, o economista Celso Furtado. São dois grandes brasileiros que plantaram a semente de uma região autônoma e moderna, capaz de gerar riqueza e dividi-la entre seus filhos e filhas – uma luta da qual não desistiremos.
Como administrador de formação percebo os esforços empregados nesse sonho antigo. Percebo erros de caminhos e dificuldades que nos fizeram achar que jamais o Nordeste seria grande em termos de justiça social. Porém, mais que nunca, acredito que estamos muito próximos de um protagonismo nacional. Pelo avanço da educação pública, pela infraestrutura que vem sendo montada, pela força de um povo que precisou viajar para sobreviver, mas sempre opta por voltar a fim de plantar esforço na própria terra a fim de colher inteligência.