No dia 18/06/2025 o Copom estabeleceu o valor da Selic em 15,0%. Assim, o Bacen voltou aos anos da década de noventas, quando em 17/12/1997, em sua 20ª reunião elevou essa taxa para 38,0%. Tal política perdurou até 2006, quando em sua 119ª reunião estabeleceu que ela seria de 15,25%.
Mas quanto era a taxa da inflação brasileira naquele período (1997-2006)?
Os dados revelam que naquele período ela variava em torno de 5,0 / 6,0% a.a. Vê-se, então que o Bacen não aumentava a Selic porque a inflação estava "muito alta". O que se nota é que se a inflação já estiver acima dos 4,0% ao ano, a Selic vai para os 15,0%. Assim, a história apenas está se repetindo.
Eu já escrevi neste mesmo Jornal que existem quatro preços fundamentais em qualquer sistema econômico: o salário (preço do trabalho); a taxa de juros (preço do capital); a taxa de câmbio (preço da moeda nacional em relação a uma outra moeda ou cesta de moeda) e preço geral (um índice de preço qualquer).
Em trabalho acadêmico demonstrei que esses preços mantêm relações entre si muito fortes.
No caso específico "taxa de juros versus Inflação", a relação é a seguinte: a variação na taxa de juros real é a diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de inflação.
Portanto, quando se aumenta a Selic nominal, a taxa de juros real aumenta, a menos que o aumento dos preços seja maior que o aumento na taxa nominal de juros.
Portanto, não há nenhuma garantia que haja queda na inflação!
Assim, a política do Bacen em querer combater a inflação (um preço) com o aumento da taxa de juros (outro preço) é um erro econômico histórico no Brasil.
O problema é que essa política do Bacen admite como pressuposto que a inflação brasileira é uma "inflação de demanda".
Imaginemos que essa suposição seja verdadeira. Quem é o grande consumidor em nossa economia? É o setor público: federal, estadual e municipal. Portanto, devem ser os gastos públicos as variáveis a serem controladas. Mas, no Brasil, até o Congresso Nacional tem contribuído para que esses gastos aumentem, pois que as chamadas "emendas parlamentares" têm impactos positivos nos gastos públicos federais.
Temos aí um impasse. Como resolvê-lo?
Há várias possibilidades: a) queda nos gastos públicos; b) aumento na produção interna; c) crescimento das economias internacionais.
A primeira é fundamental. Por outro lado, como temos uma indústria ineficiente, a economia é muito dependente das commodities do setor primário, então dependemos das forças naturais, como, por exemplo, invernos regulares.
Como a situação internacional está complicada, temos pouca margem para solucionar o problema. A curto prazo, somente a hipótese "a" é a mais viável.
A Fiec tem razão!