Logo O POVO+
Joaquim Cartaxo: Caatinga e os desafios da urbanização no semiárido
Opinião

Joaquim Cartaxo: Caatinga e os desafios da urbanização no semiárido

.Concretizar oportunidades de desenvolvimento na Caatinga e superar os efeitos nocivos produzidos pela urbanização requer integração e articulação entre governos, sociedade civil e setores produtivos
Edição Impressa
Tipo Opinião Por
Joaquim Cartaxo, arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Joaquim Cartaxo, arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE

A Caatinga ocupa 53% da superfície do Nordeste, área na qual habita 75% da população urbana da região (IBGE). A expansão dispersa das cidades nordestinas é um desafio para esse bioma, comprometendo a conservação dos recursos ambientais e estimulando a tendência à desertificação que ameaça o ecossistema.

No contexto do crescimento urbano fragmentado e descontínuo, o desmatamento que reduz a biodiversidade e fragiliza habitats, a pavimentação que impermeabiliza o solo e diminui a capacidade de recarga dos aquíferos, a precariedade das redes de esgoto, drenagem e destinação final de lixo, as construções inadequadas ao meio quente e seco e a vegetação urbana insuficiente para regular a temperatura e reduzir impactos das mudanças climáticas são variáveis que provocam a degradação ambiental.

O futuro e o desenvolvimento sustentável das cidades da Caatinga dependem da capacidade de adaptação aos limites do semiárido por meio de soluções compatíveis com as condições locais. Daí a necessidade de uma política urbana que integre a disponibilidade de recursos e a capacidade de suporte dos ecossistemas às necessidades da população; o planejamento que compatibilize gestão territorial, regularização fundiária, mobilidade e recuperação de áreas degradadas, a proteção de nascentes e a ampliação de áreas verdes urbanas; a implantação de tecnologias de captação, reuso e economia de água; a adoção de energia solar, reduzindo custos e dependência de fontes externas; a construção de habitações com materiais adaptados ao clima, visando o conforto térmico e a redução do consumo energético; programas de educação ambiental e capacitação técnica, ampliando o repertório de soluções pertinentes ao bioma.

Concretizar oportunidades de desenvolvimento na Caatinga e superar os efeitos nocivos produzidos pela urbanização requer integração e articulação entre governos, sociedade civil e setores produtivos, visando fortalecer a gestão pública com base em políticas que priorizem territórios com maior vulnerabilidade do ponto de vista cultural, socioambiental e socioeconômico, bem como ampliar a participação social nas decisões em prol da melhoria das condições de vida e trabalho dos povos do semiárido.

O que você achou desse conteúdo?