A doação de órgãos parte de uma decisão, de um sim que verdadeiramente vai ajudar outras pessoas a continuar vivendo, é o desprendimento, sentimento de partilha e de solidariedade. Um ato de amor frente ao sofrimento e a dor de uma perda, a mão se estende e alcança alguém que por uma doença progressiva/crônica tem a possibilidade de uma segunda chance, e voltar a viver com qualidade, um verdadeiro milagre em tempos em que falar sobre a morte e finitude ainda é um tabu. A decisão de doar deve ser compartilhada com os familiares e amigos no formato que constitua as diretivas antecipadas de vontade (DAV), significa expressar a sua vontade em vida, para que, assim, no momento de falecimento, o desejo de ser doador de órgãos possa ser efetivado. Essa simples atitude pode reduzir, significativamente, as recusas nos momentos decisivos.
Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), apesar dos avanços na legislação e nos programas de transplante brasileiro, o número de doações ainda está aquém do necessário para atender à demanda, a taxa de autorização familiar para a doação ainda é baixa. Em âmbito nacional, no ano de 2024, cerca de 40% das famílias entrevistadas após a morte de um parente recusaram a doação de órgãos — índice que compromete diretamente a eficácia do sistema.
A recusa familiar não deve ser vista como egoísmo, mas fruto da desinformação. Temos que lembrar que a dor do luto também pesa! Muitas famílias não compreendem o percurso da doação de órgãos, e a recusa pode estar relacionada a mitos como o desrespeito ao corpo do seu ente querido, ou relacionada a crenças religiosas, ou culturais. Diante disso, falar sobre a doação de órgãos é essencial para promover a sensibilização da população, combater mitos e ampliar o número de doadores efetivos. Você já falou com sua família sobre isso?