Ninguém gosta de juros altos, muito menos de inflação alta. No Brasil temos um Banco Central que por lei é independente e tem obrigação de perseguir uma meta de inflação de 3%. Atualmente a inflação geral é quase o dobro e a inflação dos alimentos e serviços é quase o triplo dessa meta. O que fazer? Torcer que a oferta de imediato aumente, tabelar os preços nos supermercados, controlar o câmbio, obrigar a Petrobrás a baixar o preço da gasolina, pedir para a população não comprar coisas caras? Não tem jabuticabas aqui. Para evitar uma escalada da inflação e traze-la para a meta tem que subir os juros.
A inflação é determinada por quatro variáveis principais: inflação passada, desvio do PIB atual em relação ao PIB potencial, cambio e expectativas de inflação futura. A variável mais importante é o desvio do PIB. Toda vez que a economia tenta crescer mais que sua capacidade produtiva de curto prazo o ajuste é feito via aumentos de preços.
Temos que aceitar que o Brasil é um pais de baixíssima produtividade, baixo investimento e baixa infraestrutura que nos condena a um baixo nível de crescimento que seja sustentável. Atualmente um crescimento de no máximo 2,2% ao ano. Espero que já tenhamos aprendido que no discurso de um pouco mais de inflação para ter um pouco mais de crescimento quem paga a conta é o mais pobre.
Os juros são o principal mecanismo que o BC tem para influenciar três das variáveis que definem a inflação. Ao aumentá-lo reduz o desequilíbrio do PIB, valoriza o real e barateia as importações, melhora as expectativas em relação ao compromisso de perseguir a meta. Como evitar juros altos se a inflação é alta, o governo gasta como nunca, a dívida é alta e crescente, o câmbio é volátil, a incerteza jurídica e política é alta?
Recentemente a Turquia que disputa com o Brasil o campeonato de juros altos fez um experimento interessante. O poderoso presidente mandou baixar na marra os juros pela metade. O resultado foi que a inflação dobrou em um ano. No Brasil seria diferente?
Todos estão certos em reclamar dos juros altos, mais certo ainda está a boa teoria econômica que afirma que em ambiente de pressão inflacionaria eles têm que subir.