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Samuel Braga: Tragédia ambiental
Opinião

Samuel Braga: Tragédia ambiental

.Na década de 1970, José Lutzenberger, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural já alertava: "a espécie humana não poderá continuar por muito tempo com a cegueira ambiental na exploração da natureza. Tudo tem seu preço"
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Samuel Braga

Ambientalista e ex-vereador

No ano de 2024, o Rio Grande do Sul foi atingido por uma tragédia, sendo a pior catástrofe climática de todos os tempos. O povo brasileiro acompanhou estarrecido pela imprensa, momentos de aflição, comoção e muita solidariedade que invadiu os corações de milhares de pessoas que se uniram para salvar vidas e pela reconstrução de várias cidades gaúchas.

Não temos dúvida de que chuvas intensas provocaram graves impactos humanos, materiais, econômicos e ambientais. Dos 497 municípios gaúchos, 478 foram atingidos pela tragédia ambiental. Essa catástrofe afetou 2,4 milhões de pessoas.

Segundo registros históricos, e não faz muito tempo, outras tragédias causaram muitos transtornos à população gaúcha, mas nunca tinham chegado a essa dimensão. Por outro lado, tragédias semelhantes também aconteceram no estado de Santa Catarina, como a ocorrida no ano de 1983, quando a cidade de Blumenau foi quase totalmente destruída pelas águas do rio Itajaí-Açu. Mas, antes mesmo que a cidade estivesse sido recuperada, em 1984 uma nova enchente, de proporções bem maiores, voltou a acontecer.

Na década de 1970, o saudoso José Lutzenberger, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), já alertava: "a espécie humana não poderá continuar por muito tempo com a cegueira ambiental na exploração da natureza. Tudo tem seu preço". "Precisamos entender que, quando a natureza é agredida, ela inevitavelmente, reagirá".

Fala o dito popular: "A dor ensina a gemer". Não podemos ficar alheios nem termos o direito de ignorar. A tendência global é que as mudanças climáticas provoquem eventos extremos, e as consequências serão, inevitavelmente, sempre mais desastrosas.

Como sabemos, essas tragédias deixam marcas indeléveis por muitos e muitos anos, podendo se repetir, como vem acontecendo nos últimos dias em várias cidades rio-grandenses, que mais uma vez são atingidas pelas cheias.

Portanto, é oportuno observar as sérias recomendações da ONU sobre adaptação e mitigação às mudanças climáticas, promovendo o desenvolvimento sustentável e reduzindo a vulnerabilidade em desastres ambientais.

 

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