Os bebês reborns são bonecos hiper-realistas que imitam bebês reais, mas, apesar da evidente semelhança entre ambos, os reborns são objetos e, nessa condição, não são sujeitos de direitos.
Tê-los e cuidá-los é uma liberdade individual e não deveria causar espanto ou gerar polêmica, porque essa ação pertence ao campo da individualidade humana, salvo se essa prática comprometer a liberdade e os direitos de outrem.
Por não serem humanos, os bebês reborns não têm, por exemplo, direito a atendimento médico-hospitalar, vacinação, prioridade em filas, em assentos ou qualquer outro direito destinado à pessoa humana.
Todavia, apesar de não serem sujeitos de direitos e não ser possível discutir a guarda, filiação ou pensão alimentícia para um bebê reborn em Vara de Família, é possível discutir a posse ou propriedade e os lucros decorrentes de eventual patrocínio nas contas das redes sociais, por exemplo.
Os bebês reborns podem ter a função de suporte emocional ou psicológico e, nesse sentido, assumem importância digna de nota para quem os tem. A preocupação deve ocorrer quando essa liberdade lúdica ou necessidade emocional passa a representar um comportamento patológico ou danos a terceiros; aí, nesse caso, deve haver algum tipo de intervenção.
A polêmica assemelha-se à que envolve quem se denomina tutor de pets. A sociedade logo critica com o argumento de que há muitas crianças em situação de rua. De fato, há, mas nem todas as crianças nessa situação estão sem retaguarda familiar, e não se pode recolher uma criança da rua como se não tivesse um responsável legal, sem qualquer formalidade. É necessário avaliar a situação familiar da criança antes de decidir por acolhimento ou assistência.
Muitas famílias em vulnerabilidade precisam de apoio por meio de políticas públicas adequadas, especialmente mães solo, vítimas de violência ou dependentes químicos. A pobreza, por si só, não justifica a separação familiar, conforme garante o ECA. Além disso, cuidar de pets ou bebês reborns não exclui a sensibilidade à causa infantil, tornando infundado o argumento contrário.
Quando não há prejuízo a terceiros, fraude ou comportamento patológico, tratar um reborn como filho é apenas uma prática lúdica inofensiva, merecedora de empatia social.