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De Assis Diniz: Alimentos caros estão caros porque Bolsonaro sucateou Conab
Opinião

De Assis Diniz: Alimentos caros estão caros porque Bolsonaro sucateou Conab

O Brasil enfrenta novamente o problema da falta de armazéns para estocar a produção. Estima-se que a capacidade de armazenagem seja de 211 milhões de toneladas, suficientes para guardar apenas 64% da colheita
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FORTALEZA-CE, BRASIL, 11-10-20023: De Assis Diniz, Deputado Estadual faz visita ao Jornal O POVO . (Foto: Aurelio Alves/O Povo) (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves FORTALEZA-CE, BRASIL, 11-10-20023: De Assis Diniz, Deputado Estadual faz visita ao Jornal O POVO . (Foto: Aurelio Alves/O Povo)

A inflação dos alimentos tem sido superior à inflação geral nos últimos anos, e a armazenagem inadequada no Brasil é um fator contribuinte para esta realidade, além de outros, como sazonalidade, mudanças climáticas e variação do câmbio. A armazenagem adequada é crucial para garantir a estabilidade dos preços e o fornecimento, garantindo regularidade dos estoques. Por isso, quando há falta de infraestrutura de armazenagem, isso pode gerar perdas da produção e impactar no aumento da inflação.

Com uma previsão de colher 328 milhões de toneladas de grãos neste ano - um recorde -, o Brasil enfrenta novamente o problema da falta de armazéns para estocar a produção. Estima-se que a capacidade de armazenagem seja de 211 milhões de toneladas, suficientes para guardar apenas 64% da colheita.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário possui 64 unidades, capazes de armazenar o equivalente a 0,3% de toda a safra - ou 900.000 toneladas. O problema central é que o ex-presidente Jair Bolsonaro desmantelou a Conab. Ele fechou 27 armazéns e os que restaram ficaram sem a devida manutenção.

Houve um abandono da política de estoques de alimentos que vigorou no Brasil a partir de 2016. A falta de planejamento e controle dos estoques pode levar à perda, deterioração ou até mesmo roubo de alimentos, aumentando o custo e o preço final. E, claro, quando há pouca quantidade de alimentos disponível, a demanda supera a oferta, levando a um aumento nos preços.

Finalmente, a estocagem de alimentos por parte dos consumidores, em momentos de incerteza ou alta inflacionária, pode aumentar a demanda e, consequentemente, os preços. Segundo o Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras, entre 1982 e 2000, a capacidade estática brasileira era superior à produção de grãos.

Em 2001, houve uma inversão. A produção ultrapassou essa capacidade e continuou a crescer em uma proporção maior. O descompasso de crescimento se dá pela alta competência do produtor brasileiro em elevar sua produtividade com ciência, tecnologia e responsabilidade. Por outro lado, existe o fato de que a montagem de infraestruturas, inclusive a de armazenagem, são caras e demoradas de se ampliar ou construir.

O governo Lula tem, repetidamente, nos Planos Safra, oferecido linhas de financiamentos subsidiados para esse tipo de construção e promete expandir, num primeiro momento, a capacidade para 1,32 milhão. Com esta expansão e a recuperação do papel da Conab no processo de regulagem, além da retomada da política de estoques, espera-se que o preço dos alimentos retorne a padrões mais estáveis.

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