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Adolescência sem brincadeira
Opinião

Adolescência sem brincadeira

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A professora Eulália havia tomado uma importante decisão em sua vida profissional: sair do Ensino Fundamental - Anos Iniciais para os Anos Finais. Deveria ser bem mais fácil lidar com adolescentes do que com aquelas crianças cheias de energia e cordas vocais funcionando a todo vapor no quarto ano. Alunos mais focados, com vontade de aprender, pensou ela. Sem falar nas apostilas, o conteúdo já vem quase todo pronto, o trabalho nem é elaborar, só corrigir.

Seu primeiro estranhamento foi com relação à estrutura do prédio, tudo era cinza, não havia cor, não havia parquinho, brinquedoteca. Tudo bem, não são mais crianças, mas até ontem eles gostavam de brincar…

Na sala de aula, tolerância zero para brincadeira. "Vocês estão aqui para estudar e ser alguém na vida".

Conteúdo frio, leitura, escuta, exercício. Adolescência é uma preparação para a vida adulta.

Adolescentes não gostam de brincar? — questionou Eulália. E passou a observá-los. Sentiu falta das contações de histórias, jogos, peças. Será que os alunos também sentiam?

A coordenação chegou com uma novidade, metodologias ativas: storytelling, gamification, psicodrama. E Eulália teve a sensação de que já conhecia tudo aquilo, mas com outros nomes.

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