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Idilvan Alencar: O desafio da educação em grandes cidades
Opinião

Idilvan Alencar: O desafio da educação em grandes cidades

Celebrar a liderança nacional é justo, mas o verdadeiro desafio para uma cidade do nosso porte é maior. Não se trata apenas de liderar um ranking, mas de criar um modelo de excelência educacional que seja resiliente e que sirva de inspiração
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Idilvan Alencar

Secretaria da Educação de Fortaleza e deputado federal (PDT) licenciado

O desafio da educação nas grandes cidades brasileiras é um paradoxo constante, e Fortaleza é um exemplo claro disso. Manter-se no topo do pódio como a capital com o maior percentual de crianças alfabetizadas aos 7 anos, alcançando 74,8%, é um feito notável em escala nacional. Contudo, a realidade de uma metrópole impõe uma análise mais crítica: este mesmo dado revela que quase 25% de nossas crianças ainda não alcançaram a alfabetização na idade esperada, um retrato da desigualdade e da complexidade que marcam os grandes centros urbanos.

As contradições internas acendem um alerta e ilustram bem as dificuldades metropolitanas. A modesta 169ª posição de Fortaleza em proficiência no 2º ano entre os 184 municípios do Ceará, segundo o Spaece 2024, expõe o desafio de garantir qualidade e equidade em uma rede de ensino vasta e heterogênea. Parte dessa resposta passa pela infraestrutura. Muitas escolas, que não foram historicamente cuidadas como deveriam, ainda clamam por uma revitalização completa, um obstáculo físico que se soma às barreiras sociais e logísticas de se educar em grande escala.

É comum justificar essas disparidades apenas com o gigantismo da cidade. No entanto, a questão fundamental para uma metrópole é como transformar suas vantagens inerentes em soluções. Fortaleza possui uma capacidade ímpar de atrair e reter talentos por conta de um atrativo plano de cargos e carreira. Além disso, conta com uma estrutura de gestão descentralizada, com distritos que permitem um acompanhamento pedagógico mais próximo — uma estratégia importante para que a gestão da rede se aproxime da agilidade de cidades menores.

Celebrar a liderança nacional é justo, mas o verdadeiro desafio para uma cidade do nosso porte é maior. Não se trata apenas de liderar um ranking, mas de criar um modelo de excelência educacional que seja resiliente e que sirva de inspiração para outras metrópoles. A força para superar os desafios e transformar vantagens estruturais em aprendizado de ponta para todos já está aqui. O próximo passo é canalizá-la para consolidar Fortaleza não apenas como a primeira do ranking, mas como a grande referência em educação urbana no Brasil.

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