Talvez nem todo mundo saiba que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) tem fortes laços com o Ceará. Ela é casada com o coronel Aginaldo Oliveira, que serviu cerca de 30 anos na Polícia Militar cearense.
Ela quase se tornou primeira-dama de Caucaia, não fosse a votação pífia que o marido dela recebeu nas eleições municipais de 2024 como candidato a prefeito. Como prêmio de consolação, Aginaldo foi nomeado secretário da Segurança Pública do município.
Antes, em 2020 (governo Bolsonaro), como chefe da Força Nacional, foi enviado a Fortaleza para conter um motim da PM que assustava o Ceará pela violência com que se desenrolava.
Mas exaltou os amotinados, fazendo um discurso para a soldadesca como se fosse um líder da sublevação: “Vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos, estão aqui dentro desse quartel em busca de melhoria para a classe e vão conseguir”.
Nos Estados Unidos, onde fez uma escala antes de seguir para a Itália, Carla Zambelli, ex-fugitiva, hoje presa no país da bota, mandou esta:
“Como cidadã italiana, eu sou intocável na Itália, não há o que ele (ministro Alexandre de Moraes) possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã, então estou muito tranquila quanto a isso”.
Ocorre que o mal do bolsonarismo, além do culto às armas e da mentira, é a ignorância.
Se Zambelli houvesse consultado um jurista, ele teria recomendado cuidado. Lembraria o caso de Henrique Pizzolato, condenado pelo STF no caso do mensalão. Com dupla cidadania, ele fugiu para a Itália, onde foi preso e extraditado.
Também diria à deputada que a justiça italiana verifica qual a cidadania prevalece: a brasileira, em ambos os casos. Portanto, Zambelli também é passível de extradição.
Mas vamos dar um desconto. Talvez ela soubesse de tudo isso, mas confiava na solidariedade da extrema direita italiana. Eduardo Bolsonaro não está fazendo um fabuloso trabalho de prejudicar os interesses do Brasil, morando nos Estados Unidos? Por que ela não poderia fazer o mesmo, quem sabe conseguir até mesmo receber algum sinal da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni?
Mas, até agora, pouca coisa. Apenas o vice-premiê Matteo Salvini disse que vai visitá-la na prisão.