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Demetrius Coelho Ribeiro: Trump, tarifas, impacto no Ceará e a necessidade de vigilância e diversificação
Opinião

Demetrius Coelho Ribeiro: Trump, tarifas, impacto no Ceará e a necessidade de vigilância e diversificação

É essencial que o Brasil, por meio de sua diplomacia, atue com firmeza técnica e equilíbrio político. O momento exige responsabilidade institucional e articulação internacional para evitar prejuízos irreversíveis
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Demetrius Coelho Ribeiro

Advogado com extenso em Direito Público, sócio fundador da Planajuris (Plano de Assessoria Jurídica Ltda.) e do Escri...

O mundo acompanha, mais uma vez, com preocupação a guinada protecionista da política comercial dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump. Em 2025, o chamado "tarifaço" - que impõe alíquotas de até 50% sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil - reacende alertas sobre os riscos de um isolacionismo econômico por parte da maior potência do planeta.

O impacto dessas medidas, no entanto, ultrapassa as esferas diplomáticas e comerciais em Brasília. Ele chega também ao Nordeste brasileiro, mais especificamente ao Ceará, estado que mantém relações consistentes com o mercado norte-americano, especialmente nos setores de frutas, crustáceos e couro.

Essas cadeias produtivas, fundamentais para a balança comercial cearense, podem sofrer perdas significativas caso o Brasil opte por medidas de retaliação algo possível, diante da escalada de tensões comerciais. A redução das importações americanas afeta diretamente os produtores locais, pressionando empregos, investimentos e a arrecadação.

O Porto do Pecém, símbolo da vocação exportadora do estado, corre o risco de registrar retração na demanda. Já setores estratégicos, como o de energia renovável, que hoje recebem aportes de empresas internacionais, podem enfrentar um cenário de incerteza caso a política protecionista avance e contamine o fluxo global de capitais.

Diante disso, urgente que o Ceará assim como outros estados exportadores - invista na
diversificação de seus mercados e parceiros. Confiar excessivamente em um só destino de exportação é uma vulnerabilidade econômica.

Ao mesmo tempo, é essencial que o país, por meio de sua diplomacia, atue com firmeza técnica e equilíbrio político. O momento exige responsabilidade institucional e articulação internacional para evitar prejuízos irreversíveis.

Enquanto se aguarda o desfecho das negociações entre Brasil e Estados Unidos, o Ceará deve se antecipar aos fatos e se preparar. A defesa da economia local passa também pela vigilância estratégica e pela capacidade de adaptação diante de um cenário global em transformação.

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